Crise aguda
Eduardo
Bomfim, no portal Vermelho
Há em
várias partes do mundo uma confluência de situações que revelam um agravamento
dos pactos políticos, institucionais e sociais com claros indicadores de séria
inclinação a soluções fascistas, ou melhor, de um fascismo adaptado aos
interesses do Mercado, do capital rentista mundial.
Na Europa, por exemplo, a
situação desastrosa impingida à Grécia pelo capital financeiro, especialmente
liderado pelos conglomerados do Mercado, industriais alemães, transborda as
fronteiras do bravo povo heleno, sacode as estruturas erguidas sobre a
construção da chamada comunidade europeia, do Mercado Comum Europeu.
Algum tempo atrás, certos
movimentos sociais, dirigidos, monitorados pela CIA e outras organizações de
inteligência das grandes potências dominantes, ensejaram manifestações como se
fossem tempestades de ansiedades difusas no mundo árabe.
A associação do poder do capital
financeiro com a grande oligarquia midiática, amparada pela coerção armada
imperial, gestou após duas ou três décadas de domínio global absoluto, um
tremendo vazio de horizontes para as sociedades, a hegemonia do ideário
neoliberal cujas consequências estão à vista de todos.
A tão decantada, pela grande
mídia, Primavera Árabe, transformou-se em curto tempo em uma brutal tragédia
que atingiu os povos do Oriente Médio e da África, lavada em sangue cujos
respingos chegam às costas da Europa, desembarcando nas águas da Itália e
outros mares.
A crise estrutural capitalista
iniciada em 2008 atingiu primeiramente os Países ditos desenvolvidos, jogada
depois às nações emergentes. Mas o alvo geopolítico são os países que compõem
os BRICS, grandes oponentes à Nova Ordem Mundial já caduca.
Assim o que vai tomando forma
gradualmente são as maneiras que essa ordem esgotada articula para manter a
ferro e fogo o status quo trágico. A crise profunda em que o Brasil vê-se
mergulhado contém os germes do fascismo, instrumento sempre usado pelo grande
capital financeiro quando os seus interesses estão em jogo.
O que se encontra sob ameaça é a
legalidade democrática, o pacto constitucional, a soberania nacional, a
edificação das bases produtivas do país, esgarçadas quase ao limite.
Contra esses graves perigos
exige-se amplitude social e lucidez política em defesa da democracia e da nação
sob aberta desestabilização.
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