Sementes do ódio
Eduardo
Bomfim, no portal Vermelho
Os
momentos dos cataclismos históricos foram marcados por algumas manifestações
decisivas: o rancor generalizado, o ódio irrefreado, a primazia da intolerância
sobre quaisquer outras formas de convivência entre indivíduos, sociedades,
nações.
Mas os fenômenos psicossociais
violentos não representam a causa das grandes convulsões sociais, são
consequências.
O ódio difuso, a intolerância
andam acompanhados de outra característica nociva, a alienação como imposição
ao imaginário das camadas sociais. Não se trata da alienação pela falta de
conhecimento geral dos sem cultura.
Porque se fosse assim não seria
vista como fator desagregador, de atitudes coletivas regressivas, mas um atraso
histórico das nações pobres no esforço em superação do subdesenvolvimento.
Essas circunstâncias objetivas
sempre aparecem na antessala dos piores momentos da civilização, atingem
sociedades “cultas”, cheias de museus, avançadas na pintura, música erudita,
nas artes cênicas, arquitetura vanguardista etc.
São construções coletivas de
ideias xenófobas, muitas vezes virulentas como na Alemanha nazista, que galvanizam
multidões em torno do sectarismo, que por ser ilógico é irracional.
É um grave perigo às sociedades
por eles contaminadas que só é sustado quando tragédias brutais acontecem como
a 2a Grande Guerra Mundial de 1939 a 1945.
As imensas vagas humanas que se
dirigem a pé, de balsas, de trem, de ônibus à Europa são decorrência da
destruição pela guerra de vários Países como a Síria, Iraque, Líbia, na África,
com apoio de alguns governos europeus, numa tresloucada aventura militarista
imperialista.
Daí ressurge a nostalgia
nazifascista, como na Hungria cujo governo ordena ao exército atirar nas
grandes ondas de refugiados famélicos, tudo discretamente noticiado pela mídia
hegemônica, ao tempo que em plena crise capitalista o capital financeiro obtém
lucros estratosféricos.
O Brasil não se encontra imune
aos ventos da intolerância, pelo contrário, é atingido por uma ideologia
imposta cotidianamente pelo Mercado rentista, tanto como pelo protagonismo de
membro dos BRICS na edificação de outra ordem geopolítica mundial.
Torna-se imperiosa ampla defesa
da legalidade democrática, da soberania nacional ameaçadas, o embate por
valores civilizacionais mais arejados, por um mundo melhor.
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