Para onde vamos?
Luciano Siqueira, no portal Vermelho
Mar revolto,
tempestade persistente, bússola avariada, ameaças por todos os lados... Para
onde vamos?
A pergunta
há de assaltar o espírito do principal interessado, o povo brasileiro – que se
vê ameaçado em suas conquistas e não enxerga perspectivas claras na linha do
horizonte.
Verdade que
o governo se esforça em resolver a ingente e imediata questão do equilíbrio das
contas públicas. E percorre o caminho que parece possível – na atual correlação
de forças no Brasil e no mundo -, pleno de contradições e em confronto direto
com interesses de variados segmentos da população, inclusive dos trabalhadores.
Uma receita de remédios amargos – e caros.
Aqui e mundo
afora, botar e economia em funcionamento em padrões minimamente razoáveis
emerge como o primeiro dever de quem governa.
O nó está
nas condições políticas para tanto.
Na Grécia,
acontece talvez o exemplo mais emblemático da complexidade da empreitada. Um primeiro
ministro chega ao poder ancorado num partido de extrema esquerda, sustentando
uma plataforma de enfrentamento da troika (Comissão Econômica Europeia, FMI e
Banco Central Europeu) e de negação do receituário neoliberal; faz aliança com
a extrema direita para alcançar maioria mínima (e instável) no parlamento;
recorre a um plebiscito, obtém maioria superior a 60% e, finalmente, como que
numa autêntica tragédia grega, assina os acordos que lhe são impostos pela Alemanha
e aliados. Em seguida renuncia para provocar novas eleições parlamentares e,
quem sabe, conquistar maioria que propicie o retorno ao poder e a retomada do
caminho que não pôde trilhar.
Aqui,
consideradas as peculiaridades brasileiras, o nó também é cego e é difícil desatá-lo.
Depende mais da política do que propriamente da economia. Por isso, o barco
continua quase à deriva, ameaçando a sorte de todos.
No centro da
discussão, agora, o novo pacote de medidas de ajuste anunciado pelo governo. A oposição
brada por mais cortes e nenhum imposto. Mais não diz, pois lhe falta
compromisso com os rumos do País. Caso dramático de irresponsabilidade política:
é contra, mas não apresenta alternativas. A “solução” há de ser, segundo seus desígnios,
a interrupção do mandato da presidenta Dilma, a qualquer custo.
O mote se
expressa pela boca de oportunistas de todos os matizes. Invariavelmente lastreado
numa argumentação política e juridicamente absurdamente frágil.
Cá da província,
onde os efeitos do impasse se fazem pesados em nível estadual e municipal,
pensamos como o poeta: “Não sei para onde vou/Sei que não vou por aí!”
Não é o caso
de ir pelo torpedeamento da governabilidade, nem pela ruptura democrática. O mandato
de Dilma é intocável.
É o caso de
ir, sim, pela busca de um pacto nacional amplo, sustentado numa agenda
pós-ajuste, para o qual convirjam uma maioria política e parlamentar e as
representações dos trabalhadores e do empresariado. Para preservar conquistas e
seguir adiante.
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