“Que horas ela volta?” é um filme a que se assiste em
agonia. Em sua delicada arquitetura, cheia de nuances muito complexas,
exprime-se, em processo cotidiano, o tecido social brasileiro. A forma com que
dialoga com o espectador é tão aguda que é difícil se entregar ao luxo do
descomprometimento. Ao plasmar ficcionalmente uma situação que nos é cotidiana,
torna impossível deixar de conscientemente perceber que ali na tela estamos nós
mesmos, bem como parte da história brasileira que vivemos. Realidade e seu
reflexo passam a ser um amálgama só, partilhando de uma linguagem comum,
trivial e estruturante de psiquismos e movimentos da nossa sociedade. Daí o
incômodo, a náusea, a inquietação que o espectador, mesmo o mais insensível,
experimenta ao longo das quase duas horas de projeção. Se rimos é de nervoso,
se choramos, é de comprometimento. (No portal da Fundação Maurício Grabois).
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