Manifesto por um punhado de sonhos
Texto para debate com amig@s de Melka Pinto
“Hoje,
serena flutua, metade roubada ao mar, metade à imaginação, Pois é dos sonhos
dos homens que uma cidade se inventa.” Carlos Pena Filho
Somos jovens que lutam por um
mundo melhor todos os dias. Jovens há mais ou menos tempo. A nossa juventude é
daquelas empolgada e renovada anualmente pelo batuque de cada carnaval que
fervemos nas nossas terras recifenses. Temos a esperança e o sorriso estampado
no rosto de cada recifense que batalha debaixo desse sol em busca de dias
melhores. Somos daqueles e daquelas que enfrenta todas as suas dificuldades de
peito aberto, e que faz desta terra uma das mais receptivas do país. Somos os e
as que querem ver nascer um Recife novo e transformado.
É no Recife que vive a
juventude que está entre as que mais morrem devido à violência no Brasil. Este
é apenas o reflexo mais agudo da falta de políticas públicas de inclusão
juvenil em todas as esferas: trabalho, saúde, educação, etc. O acesso ao
primeiro emprego se dá de forma precária, com baixa qualidade e quase sempre,
não correspondem aos anseios de um crescimento profissional e de carreira. A
seletividade da abordagem policial infelizmente também é uma das marcas da vida
– e da morte – da juventude em nossa cidade. Acontece que cuidar da juventude
recifense não é importante apenas como fim em si mesmo, mas principalmente pela
característica de futuro que oferecem as novas gerações. Para construir um
Recife melhor, precisamos investir no futuro do Recife.
Infelizmente, na TV o que eles falam sobre o jovem não é
sério, e hoje no Brasil existe um atentado contra os direitos da juventude,
na contramão do futuro. O que hoje é pautado no congresso nacional é a redução
da maioridade penal e encarcerar quem na verdade é vítima da violência.
A educação, apesar dos últimos
avanços, como o ProUni Recife e o Passe-Livre, ainda não são o bastante para o
acesso dos nossos jovens e essas ações ainda não garantem um ensino de
qualidade em nossa cidade. Aqui estão localizadas algumas das melhores universidades
do país, mas estas não encontram arcabouço completo ao seu redor para que haja
aproveitamento pleno do conhecimento oferecido. Este, ainda se encontra
elitizado e distante da realidade das periferias recifenses.
A lógica urbana do Recife
sempre foi guiada pela concentração do capital. A história da nossa Veneza é
marcada pela relação social e financeira em sua construção na época colonial,
nas revoltas e também no erguimento do Recife “verticalizado” e de distribuição
demográfica desorganizada. Desde sempre, e agora com muito mais agudeza tem-se um
Recife que não para, o Recife só cresce,
o de cima sobe e o de baixo desce. A interferência do poder econômico na
distribuição urbana é autorizada principalmente pela sua ingerência na
política. Empresários que financiam campanhas, campanhas que viram mandatos,
mandatos que “beneficiam” empresas. Esse ciclo precisa ser quebrado.
Necessitamos que nosso
transporte público seja no mínimo respeitoso com nossa gente. Nós hoje
assistimos estudantes morrerem ao enfrentar o cotidiano nos ônibus em nossa
cidade. Queremos de fato um Plano Municipal de Transporte à altura dos desafios
de toda a população. Não podemos aceitar um transporte público que não seja
gratuito, e ainda seja de tão péssima qualidade.
Sonhamos com uma nova política.
Essa, enfadada pelos velhos hábitos e pelos sobrenomes repetidos não compactuam
com o mundo que queremos construir. É através de projetos coletivos de verdade
que mudaremos a nossa realidade.
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