Os 98 anos da Revolução Russa
No Vermelho
Acontecimento marcante do século 20,
muda a história do país e do mundo. Primeiro estado de operários e camponeses,
coloca em prática o marxismo-leninismo e constrói a primeira experiência
socialista da humanidade. Seu fim é consequência de alguns erros e da
contrarrevolução. Seu fim foi uma tragédia histórica que abalou a vida de quase
300 milhões de pessoas nos 15 estados que compunham a União Soviética.
O nova Rússia, capitalista, é comandada
por Boris Iéltsin, um liberal que se aproveita da dissolução do socialismo e do
partido comunista incitadas por Mikhail Gorbachov para aplicar o neoliberalismo
no país, conduzindo assim a economia quase ao extermínio. A queda do PIB russo
faz com que o país volte a níveis econômicos anteriores aos da Segunda Guerra.
A Rússia perde influência política na Europa e no mundo. O bloco
socialista, varrido pela contrarrevolução, passa à esfera de influência dos
Estados Unidos. A Otan investe nas ex-repúblicas soviéticas. Cria-se um
"cordão sanitário" - que de saudável não tem nada - ao redor da
Rússia.
A burguesia nacionalista, emergente após a contrarrevolução e as
reformas de Iéltsin, toma o poder e Vladímir Putin é seu representante. A
Rússia inicia uma viragem. Acuada pelo imperialismo, para sobreviver como
território soberano, baseia-se no anti-imperialismo soviético, nascido na
Revolução, para defender-se da pressão cada vez maior do ocidente.
Resulta disso uma nova relação com a China, além da criação e manutenção da Organização de Cooperação e Segurança de Xangai, um olhar mais atento à Ásia e também o início de novas parcerias, como a mais bem sucedida até o momento que é a participação russa no grupo Brics.
Esse grupo, uma criação artificial de um analista econômico da Goldman-Sachs para separar as nações "emergentes" mais significativas e de maiores economias do século 21, acaba alavancando o início de uma nova política multilateral no planeta, com a participação da segunda maior economia, a China, e de governos progressistas como os do Brasil e o da África do Sul, além da Índia e da própria Rússia.
25 anos após a contrarrevolução, os russos continuam se destacando na produção de petróleo, de armamentos e na indústria aeroespacial. Apesar disso, foi somente em 2010 que o país equiparou seu PIB com o de 1990 e passou a crescer.
No plano militar, a Otan e seu "cordão sanitário" representam a ameaça de uma nova guerra fria, desta vez às portas de Moscou, já que ex-repúblicas soviéticas, como as do Báltico e a Geórgia, participam do pacto militar do Atlântico Norte.
UEm agosto de 2008 a Geórgia irrompe militarmente contra a Ossétia do Sul, uma região autônoma que tinha uma guarnição de paz da ONU formada por soldados russos, iniciando uma guerra que terminará com a vitória russa e a consequente saída da Ossétia do Sul da jurisdição georgiana. A Ossétia declara independência e solicita formalmente ingresso na ONU. A Abecásia, outra região da Geórgia, também aproveita o momento e se declara independente.
Seis anos depois, um novo golpe de Estado se desenvolve na Ucrânia. Os fascistas tomam o poder em fevereiro de 2014, ao mesmo tempo que o leste do país, uma região onde o idioma russo predomina, se subleva e parte para a luta contra os golpistas.
A região da Crimeia, parte da Rússia até 1954 e sede do porto mais importante da Marinha Russa, em Odessa, também se subleva e pede a separação da Ucrânia. Em plebiscito, reunifica-se com a Rússia, o que eleva a tensão entre os Estados Unidos e seus aliados na Europa contra os russos.
A guerra se alastra no oriente ucraniano. As regiões da Bacia do rio Don, ou Donbass, como é conhecida a área que compreende Lugansk e Donetsk, declaram não reconhecer o governo central, pedem autonomia e criam suas repúblicas populares, inspiradas na organização da antiga União Soviética.
Vladímir Pútin, atual presidente da Rússia, é antigo agente do serviço de inteligência soviético, o Comitê de Defesa do Estado (KGB, na sigla em russo). Seu partido, Rússia Unida, tem inspiração social-democrata e nacionalista. Seu principal rival é o PC da Federação Russa, herdeiro do extinto PCUS e que há mais de 20 anos tem se batido contra o capitalismo reinstalado na Rússia, apesar da forte repressão.
Domenico Losurdo, em um dos artigos que ilustra esse especial, diz: "A União Soviética cede o lugar à Santa Rússia, a bandeira vermelha à tricolor czarista, Leningrado volta a se chamar São Petersburgo, os sovietes são bombardeados ou dissolvidos por Boris Yeltsin para serem substituídos pelas dumas, de feliz memoria czarista". Embora o socialismo tenha deixado de existir, suas conquistas e feitos ainda são sentidos e notados na Rússia e o povo ainda guarda o episódio com respeito e admiração.
Resulta disso uma nova relação com a China, além da criação e manutenção da Organização de Cooperação e Segurança de Xangai, um olhar mais atento à Ásia e também o início de novas parcerias, como a mais bem sucedida até o momento que é a participação russa no grupo Brics.
Esse grupo, uma criação artificial de um analista econômico da Goldman-Sachs para separar as nações "emergentes" mais significativas e de maiores economias do século 21, acaba alavancando o início de uma nova política multilateral no planeta, com a participação da segunda maior economia, a China, e de governos progressistas como os do Brasil e o da África do Sul, além da Índia e da própria Rússia.
25 anos após a contrarrevolução, os russos continuam se destacando na produção de petróleo, de armamentos e na indústria aeroespacial. Apesar disso, foi somente em 2010 que o país equiparou seu PIB com o de 1990 e passou a crescer.
No plano militar, a Otan e seu "cordão sanitário" representam a ameaça de uma nova guerra fria, desta vez às portas de Moscou, já que ex-repúblicas soviéticas, como as do Báltico e a Geórgia, participam do pacto militar do Atlântico Norte.
UEm agosto de 2008 a Geórgia irrompe militarmente contra a Ossétia do Sul, uma região autônoma que tinha uma guarnição de paz da ONU formada por soldados russos, iniciando uma guerra que terminará com a vitória russa e a consequente saída da Ossétia do Sul da jurisdição georgiana. A Ossétia declara independência e solicita formalmente ingresso na ONU. A Abecásia, outra região da Geórgia, também aproveita o momento e se declara independente.
Seis anos depois, um novo golpe de Estado se desenvolve na Ucrânia. Os fascistas tomam o poder em fevereiro de 2014, ao mesmo tempo que o leste do país, uma região onde o idioma russo predomina, se subleva e parte para a luta contra os golpistas.
A região da Crimeia, parte da Rússia até 1954 e sede do porto mais importante da Marinha Russa, em Odessa, também se subleva e pede a separação da Ucrânia. Em plebiscito, reunifica-se com a Rússia, o que eleva a tensão entre os Estados Unidos e seus aliados na Europa contra os russos.
A guerra se alastra no oriente ucraniano. As regiões da Bacia do rio Don, ou Donbass, como é conhecida a área que compreende Lugansk e Donetsk, declaram não reconhecer o governo central, pedem autonomia e criam suas repúblicas populares, inspiradas na organização da antiga União Soviética.
Vladímir Pútin, atual presidente da Rússia, é antigo agente do serviço de inteligência soviético, o Comitê de Defesa do Estado (KGB, na sigla em russo). Seu partido, Rússia Unida, tem inspiração social-democrata e nacionalista. Seu principal rival é o PC da Federação Russa, herdeiro do extinto PCUS e que há mais de 20 anos tem se batido contra o capitalismo reinstalado na Rússia, apesar da forte repressão.
Domenico Losurdo, em um dos artigos que ilustra esse especial, diz: "A União Soviética cede o lugar à Santa Rússia, a bandeira vermelha à tricolor czarista, Leningrado volta a se chamar São Petersburgo, os sovietes são bombardeados ou dissolvidos por Boris Yeltsin para serem substituídos pelas dumas, de feliz memoria czarista". Embora o socialismo tenha deixado de existir, suas conquistas e feitos ainda são sentidos e notados na Rússia e o povo ainda guarda o episódio com respeito e admiração.
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