21 novembro 2015

Nesta terça-feira, na Livraria Cultura do Paço Alfândega

IMPERDÍVEL
A gente se encontra lá. Você vai gostar
Pesquisa criteriosa, texto precioso: assim é o livro ‘Dossiê Itamaracá’, de Joana Côrtes, que será lançado no Recife na próxima terça-feira, às 19h, na Livraria Cultura do Paço Alfândega. A vida no pavilhão dos presos políticos na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, numa das mais duras fases da ditadura militar. Com muito sucesso, o livro já foi lançado no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Aracaju.
A propósito do lançamento em Aracaju, sua terra e a do seu pai, nosso camarada Bosco Rolemberg (um dos ex-presos de Itamaracá), Joana escreveu:
“Hoje eu não fui ninguém. Só me sobrou o coração rouco.
Ontem fui todos, nós. Os girassóis cantaram suas horas, na noite do lançamento do livro Dossiê Itamaracá em Aracaju. Vieram ao encontro, atenderam ao chamado, as nossas pessoas, meu Sergipe.
Hoje eu não sou ninguém, cansaço bom.
Ontem, na roda de conversa com o público, fui as pernas de seu João Oliva, 93 anos de caminhada, firmes e lúcidas. Fui a coragem juvenil de Manu Caiane, do coletivo de feministas, 16 anos, e de Ivânia, companheira de militância de meus pais, lá na frente, eram só uma e eram toda a multidão de mulheres, as de ontem e as que virão. Fui seu Djalma, nosso vizinho antigo da Aloísio Braga, empréstimo solidário nos dias raros. Fui universitário sem grana, muita gana, lendo os livros de graça na livraria Cordel e bebendo de onde veio a inspiração mobilizadora para a formação política, na boca de Edvaldo Nogueira.
Fui minha comadre Camile D'Ávila Levita, pelos lábios de Fernanda Lopes Cruz, o medo existe, pra caralho!, o desafio é enfrentá-lo. Fui o aprendizado nas redações de jornais, por George Silva. Fui, sou, o olho lendo a rua, como me ensinou o grupo Imbuaça e como me aconselhou, gaiteiro, Ira Bispo.
Fui os olhos marejados da plateia, das Carolinas e Chris, das sobrancelhas cúmplices de Janaína Santos e Silvio Santos, em pé, os dois, ao fundo do salão. Fui o black dessa pernambucana arretada, Mônica Montalvão. Fui a poesia de Cleomar Brandi e a simplicidade de Samuel Firmino, ex preso político, os dois que se foram, e ainda estão aqui, PRESENTES!

Fui velha e fui menina.”

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