PCdoB defende luta contra o golpe e retomada do crescimento
O Comitê Central do PCdoB se reúne neste fim de semana, na capital
paulista, para avaliar o quadro político e tomar posição frente aos últimos
acontecimentos, em especial à decisão do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de
aceitar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A reunião foi
aberta pela presidenta nacional do partido, deputada federal (PE) Luciana
Santos, na noite de sexta-feira (4).
Ao iniciar sua intervenção, a presidenta Luciana Santos chamou atenção
para o fato de que este ano de 2015 é palco do mais duro ataque à democracia
desde o fim da ditadura em 1985. Para Luciana, “a escalada golpista se irrompeu
para derrubar a presidenta Dilma Rousseff e ceifar as conquistas de um ciclo
político do qual emergiu um projeto democrático e soberano de desenvolvimento,
direcionado sobretudo para melhorar a vida do povo e reduzir as desigualdades
sociais”.
Em sua análise, a dirigente nacional do PCdoB afirmou ainda que “os
esforços de desestabilizar o Brasil fazem parte de um movimento maior, a marca
principal deste momento é a luta para o estabelecimento de um novo equilíbrio
na balança de poder mundial. As grandes potências operam em distintos
tabuleiros para conter a consolidação de novos polos de poder, para cindir
articulações que questionam sua hegemonia”.
Essa disputa mundial de poder se dá com a persistente crise do
capitalismo. “O capitalismo continua vivendo um impasse, os indicadores de
retomada do crescimento a nível internacional continuam em níveis muito baixos.
Em seu oitavo ano consecutivo a crise não dá indicadores de melhoras. Neste
cenário se fortalece a grande finança, fazendo com que alguns países adotem
medidas que chocam com o desenvolvimento soberano”, afirmou Luciana Santos.
Os reflexos da crise no Brasil são inevitáveis. Na opinião de Luciana
Santos, “após dez anos de prosperidade e uma inédita melhoria significativa na
vida do povo, o país enfrenta grave e prolongada recessão que provoca pesados
danos à economia e penaliza o povo e os trabalhadores. Ao contrário do que dissemina
a grande mídia, a recessão é um fenômeno de múltiplas causas; não deriva, como
ela espalha, de ‘culpa’ exclusiva do governo”.
A dirigente comunista faz
uma aguda crítica à elite brasileira e seus representantes no Congresso
Nacional ao mostrarem seu total desrespeito com as instituições democráticas e
com a situação econômica do país. Para Luciana, “estes setores priorizam em
essência os atalhos a 2018, priorizam o golpe, a ter que enfrentar os desafios
da crise econômica que o país vive. A oposição espera arrastar a crise política
para 2016 com objetivos claros, sangrar ainda mais o governo”.
Nestas
circunstâncias Luciana analisa a decisão do presidente Eduardo Cunha de aceitar
o pedido de impeachment da presidenta Dilma Roussef formulado pelos advogados
Hélio Bicudo, Miguel Reali Jr e Janaína Pascoal. Para ela, “trata-se em
essência mero revanchismo de Eduardo Cunha, e do interesse de Aécio Neves de
encontrar atalhos para as eleições de 2018, o que não passa de uma tentativa de
golpe”.
O
pretexto dos autores do pedido são as chamadas “pedaladas fiscais” que teriam
sido praticadas pela presidenta Dilma e rejeitadas pelo Tribunal de Contas da
União. Para a presidenta do PCdoB, “o interesse da oposição, em aliança com
Eduardo Cunha, não é o de combater as pedaladas fiscais, mais sim o de levar o
país ao caos institucional, ampliando as dificuldades para o estabelecimento de
um entendimento nacional que leve o Brasil a superar a crise”.
Contra
essa ação golpista Luciana conclama um vigoroso movimento contra o golpe e em
defesa da democracia. Para ela, “o que está em jogo transcende a defesa do
governo Dilma, é em essência a defesa do regime democrático, e da
institucionalidade, conquistas que custaram vidas e anos de luta do povo
brasileiro. Esta batalha só será ganha com o povo nas ruas. Neste momento ganha
em importância o fortalecimento da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem
Medo, articulações amplas que agrupam distintas centrais sindicais, movimentos
sociais, partidos políticos na defesa da democracia e da retomada do
crescimento”.
Ao
mesmo tempo em que conclama à luta contra o golpe, a presidenta nacional do
PCdoB defende também a retomada do crescimento. Neste sentido destaca o
lançamento do documento “Compromisso pelo Desenvolvimento”, que reuniu centrais
sindicais e amplos setores do empresariado e da sociedade com o objetivo de
construir uma nova agenda visando a retomada da produção, dos empregos e da
melhoria de renda.
Para
Luciana Santos “o Brasil pode criar as condições para superar a recessão e
paulatinamente deflagrar uma segunda fase de crescimento e desenvolvimento, com
valorização do trabalho e redução das desigualdades sociais. A primeira
condição para isso é instaurar um mínimo de normalidade política e segurança
para os agentes econômicos. A oposição neoliberal, irresponsavelmente, atua
para manter a instabilidade e assim forçar o prolongamento da recessão”.
“A
luta deve ser contra o golpe e pela retomada do crescimento”, conclui Luciana
Santos.
O
debate partidário teve início na sexta-feira (4) e se encerrará na tarde deste
domingo (6). A resolução política do encontro será divulgada em breve.
Do Portal Vermelho, com assessoria da
Presidência do PCdoB
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