Perfil dos manifestantes em São Paulo: ricos, brancos e tucanos
Por José Carlos Ruy*, no
portal Vermelho
O perfil dos manifestantes de
domingo repete silhueta semelhante à vista em março e agosto, quando setores da
classe média paulistana saiu às ruas contra os governos de esquerda
Eles
gostam de se apresentar como a “voz da rua”, ou “povo brasileiro”. Mas não são
nem uma coisa nem outra – fazem parte da elite branca, endinheirada e que, em
2014, votou em Aécio Neves.
Esta é
a realidade que o Instituto Datafolha descreveu ao traçar os perfis dos
manifestantes que, em março, agosto e dezembro de 2015, saíram às ruas para
protestar contra a presidenta Dilma Rousseff e os governos dirigidos pelo PT.
Os
perfis se repetem. Embora em número muito menor (40 mil, disse o Instituto
Datafolha), as pessoas que saíram às ruas neste domingo (13) são do mesmo grupo
social das que haviam saído em 15 de março (210 mil manifestantes) e em 16 de
agosto (135 mil).
A
idade média aumentou; no domingo era 48 anos; em março, foi 40 anos e, em
agosto, 45 anos.
Eram
também mais ricos. A renda mensal média era superior de 44% deles era superior
a 10 salários mínimos (R$ 7880,00). Em março, um pouco menos estavam nessa
faixa: eram 41%. Em agosto, foram 42%.
A
imensa maioria era formada por brancos; pelo menos assim se definiam 80% dos
manifestantes. Em março eram 69% e, em agosto, 75%.
Num
quesito politicamente decisivo, 84% disseram ter votado em Aécio Neves na
eleição de 2014; em março, os eleitores do tucano foram 82%. Em agosto, foram
77%.
As
manifestações oposicionistas que se repetem, e visivelmente diminuem de
tamanho, revelam um nítido corte de classe. Aqueles que tem saído às ruas,
contra o governo (contra o PT e as esquerdas) incluem militantes da extrema
direita (em número menor mas significativo) e outros que se definem como de
direita ou de centro. Não são o “povo brasileiro”, como gostam de se definir,
nem falam por ele. Os indicadores escolhidos mostram que os manifestantes de
domingo eram mais idosos, ricos, brancos e tucanos do que foram em março ou
agosto. Ele formam, cada vez mais nitidamente, o polo da luta política que
autoriza análises de classe, muitas vezes apresentadas como a luta de “pobres”
contra “ricos”.
*Jornalista, editor da Classe Operária, membro da Comissão Nacional de
Comunicação e do Comitê Central do PCdoB; é da Comissão Editorial da revista
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