Postulações legítimas
Vale também para a política, mas até certo ponto.
É ano eleitoral e todas as forças em presença cuidam de acelerar os preparativos para o pleito.
Como se sabe, eleições municipais são um fato político essencialmente local - seja pelo arranjo das alianças, frequentemente destoantes das composições nacionais, seja na atenção do eleitor, que mira, sobretudo a figura do prefeito, a que associa principalmente à capacidade de cuidar da cidade.
Porém é evidente que o pleito de outubro servirá de ante sala para as eleições gerais de 2018. A robustez conquistada agora em grande medida determinará os projetos vindouros.
Nesse contexto, toda candidatura é legítima. Nenhum partido há de se sentir irremediavelmente preso às composições atuais. O mundo gira, as relações entre as correntes políticas se movem, feito placas tectônicas.
O repouso é relativo, o movimento é a absoluto, aprendemos da dialética.
Especialmente nas capitais e cidades grandes e médias, é natural e compreensível a disputa pelo poder local e a formação de bancadas de vereadores.
Partidos hoje menos cotados poderão se fortalecer bastante para a batalha futura.
Isto não quer dizer, entretanto, que as démarches entre atuais e hipotéticos aliados ocorram sem critérios, pondo-se de lado o que se vem construindo conjuntamente, no âmbito local; nem rejeitando alternativas de rearrumação de alianças, que devem ser encarnadas naturalmente, sem estreiteza nem sectarismo, preservando-se a coerência.
Mas um fio condutor há que permear as conversações (que tendem a se intensificar desde já): a apresentação de propostas programáticas atualizadas para a cidade.
É o que dará conteúdo às alianças, seja no campo progressista, seja no campo conservador. Para que as composições não se façam desprovidas de compromissos claros, consistentes e factíveis.
(Arte: Antonio Bandeira)
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