Ainda as palavras
Por
Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo
Entre uma e outra estocada na defesa de Marcelo Odebrecht, o porta-voz
da Lava Jato deu uma explicação que desexplicou muito bem a cirurgia feita em
um trecho de depoimento, do já célebre Paulo Roberto Costa, referente àquele
empresário preso há seis meses.
A frase em questão é esta: "(...) nem põe o nome dele aí porque com
ele não, ele não participava disso". E a frase na transcrição do
depoimento pela Lava Jato: "(...) a despeito de não ter tratado
diretamente o pagamento de vantagens indevidas com Marcelo Odebrecht", e
segue.
O
procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, em considerações colhidas por
Graciliano Rocha e Mario Cesar Carvalho para a Folha, diz que a
transcrição do depoimento foi "fidedigna", porque sua função é
"resumir" o principal do que foi dito. É aí mesmo que aparece o
problema do desaparecimento: onde está o resumo da frase que isenta o acusado
pela Lava Jato? Dela não há sequer vestígio. O que aparece é outra frase. E a
original nem ao menos era longa, já nascera resumidamente pronta.
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