O suicídio político da mídia brasileira
André
Araújo, no Jornal GGN
A um País acostumado com capas abjetas da revista VEJA, nada mais
deveria surpreender, mas a desta semana chocou pelo caráter asqueroso,
escatológico, torpe. Colocar prisioneiros em fotos de penitenciária, alguns
executivos importantes de importantes empresas, outros políticos com História
expressiva, faz lembrar as fotos do Marechal Witzleben com a calça sem cinto a
cair e ele, um homem de 80 anos, segurando, poses para humilhar tiradas no
tribunal nazista que julgou os autores do atentado von Stauffenberg de julho de
1944.
O procedimento é completamente fascista, de mau gosto, baixo nível,
cheirando a vômito. A GLOBONEWS exibe uma vinheta de propaganda fazendo alusão
extremamente elogiosa à Lava Jato, onde aparecem algemas e grades de prisão,
com um fundo sonoro de frases de efeito e palavras de ordem em tom
melodramático, tudo canastronice vulgar, gesto laudatório à campanha
anti-corrupção, logo a organização mais profundamente envolvida no País com as
máfias do futebol em todos os seus níveis, com vultuosos processos por
sonegação fiscal em andamento errático e escorregadio nas instâncias da Receita
Federal. Será que o Departamento de Justiça americano, tão celebrado, não
viu nada sobre Globo no CASO FIFA? Se estão atrás da CBF, e parece que estão,
irão bater na Globo, que tal um processo no DofJ para ver como se maneja o tema
"corrupção" na Globonews e aí veremos se aparece vinheta de saudação
às campanhas contra corruptos ou será que o mundo do futebol, um dos
"mainstreams" da Rede Globo, é limpíssimo como água de fonte?
Tampouco tem honestidade inatacável jornais que nem de leve tangenciam o
"Truste da Carne" que tirou a carne bovina da mesa dos pobres porque
obteve tal concentração de mercado que paga o que quiser ao criador e cobra o
que quiser do consumidor. Não tocam no assunto porque o Truste de Carne é
campeão absoluto de anúncios nos jornais usando como garota propaganda uma das
estrelas do jornalismo da Globo em anúncios exagerados de duas páginas para
vender mortadela e comprar proteção.
A imprensa pratica preparativos de suicídio porque levanta o altar da
pátria para as corporações improdutivas em promoção de seus atos para liquidar
com a economia produtiva, aquela que anuncia nas mídias e que sustenta
inclusive a burocracia improdutiva, pois é a única que produz, as demais
corporações só gastam e consomem.
Parte da culpa cabe ao próprio mundo empresarial, que continua
patrocinando anúncios nos veículos algozes do sistema capitalista brasileiro,
por exemplo a Braskem, presidida por Marcelo Odebrecht, continua anunciando na
Globo que escracha seu chefe e o persegue com grande satisfação.
Os processos de delação se multiplicam em progressão geométrica, um
delata dez, que delatam cem e ninguém mais escapa, nomes de longa
tradição de vida pública são ameaçados de delação e a ameaça já vai para o
escracho na imprensa sem que a vítima saiba do que se trata, é o MÁXIMO da
irresponsabilidade de quem vaza e de quem publica o vazamento.
Não há PaÍs algum do planeta que possa ser governado em qualquer regime dentro
desse ambiente exclusivamente punitivo ao infinito. Se todos os celulares do
PaÍs Forem grampeados, 50 milhões de brasileiros podem ser processados,
conversas em privado costumam ser livres de condicionantes sociais, econômicos
ou políticos, dentro de uma mesma família, se todas as conversas forem
grampeadas se darão possivelmente brigas, separações, injúrias, rompimentos.
Essa operação que só existe pelo amparo incondicional da midia, VEJA e
GLOBO à frente, está à luz dos olhos de quem não seja cego, destruindo a
economia do Pais. O alvo já não é mais corrupção, é o Poder. Alguns de seus
porta vozes dizem com a maior candura que as empresas podem desaparecer porque
os engenheiros e operários estão aqui no Brasil, como se estes sozinhos
colocados em um ônibus e despejados na Amazônia pudessem construir a
hidroelétrica de Belo Monte sem ter uma empresa forte por trás, empresa essa
que leva décadas para montar e não se improvisa.
Muitas das conversas degravadas são próprias do mundo político, troca de
favores existem nesse mundo em todos os Estados membros da ONU. Um empresário
pedir um favor a um Governador se faz todo dia nos EUA, Indonésia ou Vietnam,
porque o espanto? O mundo real, fora das apostilas, se move assim ou vão
querer mudar o mundo a partir do Brasil? A mídia magnifica, amplifica, insinua,
intui exclusivamente maldade como se o dia a dia de um político fosse composto
por aves marias e salve rainhas, como se os frequentadores de seus gabinetes
fossem sacristãos e carmelitas descalças para espargir o gabinete com água
benta. Ou será que em outros templos do aparelho judiciário não se trocam
favores, remoções, cursos no exterior a custa do Erário, promoções, ninguém
favorece ninguém?
A mídia deixou de exercer qualquer juízo crítico sobre abusos e
ilegalidades, certas aberrações jurídicas, figuras exóticas que aparecem e
depois somem , incensa "mocinhos" e demoniza os da economia produtiva
pintados como malfeitores, como se fossem o capeta em pessoa, deleitando-se e
espojando-se nas cenas de homens em fardamento de guerra com armas pesadas
prendendo cidadãos pacatos em casa, a perguntar-se se vão com a mesma exibição
em zonas perigosas onde existe algum risco de vida.
Sempre defendi a absoluta liberdade de mídia, aqui mesmo no blog, contra
artifícios como Ley de Medios e quejandos, mas vejo que estou defendendo quem
não merece defesa. Essa mídia perdeu noção de limites, a capa da VEJA foi o fim
da linha, não merece ser defendido quem não exerce a profissão com um mínimo de
dignidade.
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