29 janeiro 2016

Manipulação midiática

O mundo irreal criado pelas manchetes

Luís Nassif, no Jornal GGN
Há duas tendências se firmando na economia.
A primeira, a constatação do refluxo das tentativas de impeachment.
O grande trunfo de Dilma Rousseff é uma oposição extraordinariamente medíocre, que se move disputando espaço nas manchetes da mídia. 
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De repente, há espaço para a radicalização, e lá se vão os Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, José Serra, Carlos Sampaio, Mendonça Filho com a disposição dos jovens carbonários, disputando quem range mais os dentes. Aí Marina Silva percebe que o contraponto é acenar com o bom senso. E acena.
De repente, o impeachment reflui. Toca então esse brilho fugaz de nome Carlos Sampaio a entrar com o pedido de extinção do PT. Só isso! E FHC é ouvido para contrapor que a vitória deve ser nas urnas, não no tapetão. E a multidão de áulicos olha reverencialmente para esse conselheiro Acácio dos tempos modernos.
Aí Marina se dá conta de que poucos continuam falando do impeachment. Então o contraponto para ganhar manchetes é radicalizar novamente. E tome Marina, Cristóvão, Marta.
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É inacreditável como o mundo politico e jornalístico despregou-se totalmente do mundo real. Parecem vaqueiros bêbados e armados em saloons do Velho Oeste, atirando em qualquer sombra que passe pela porta. É tão grande o vácuo de ideias, que a institucionalidade se rege, agora, pelas manchetes de jornais. E as alianças se consolidam pelo recurso à lisonja.
É o caso do prêmio de O Globo para as pessoas que fazem a diferença... para as Organizações Globo. A contemplada foi a futura presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carmen Lúcia, cuja obra de maior repercussão em 2015 foi uma frase tão grandiloquente quanto inútil:  “O crime não vencerá a Justiça”, no voto que confirmou a decisão de Teori Zavaski, de manter presos o senador Delcídio do Amaral e o banqueiro André Esteves. Quando Teori concedeu o habeas corpus a Esteves, significa então que o crime venceu?
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Esse jogo demagógico, a busca do aplauso fácil, da consagração em torno de frases fáceis, tornou-se uma constante que não perdoa sequer Ministros do Supremo. E o oportunismo dos jornais, de abrir espaço para qualquer asneira, praticamente matou os filtros que poderiam permitir um mínimo de racionalidade nas discussões políticas e econômicas.
O que tem de procuradores, delegados, dizendo o que os jornais querem, para fazer jus a uma manchete ou a uma premiação futura, e posar para a foto com os prêmios, que colocarão em suas salas de visitas, tornou a discussão institucional brasileira um pregão de feira livre, com donas de casa alvoroçadas disputando a xepa.
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Do seu lado, a presidente só se pronuncia quando julga que alguma crítica ou decisão atinge sua augusta autoridade pessoal. Não se vê como poder institucional, como responsável pela condução do país.
País de provincianos, sem um mínimo de noção de bem público. Quando se compara com a qualidade dos homens públicos dos anos 50, dá um desânimo enorme.
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A segunda tendência se firmando é que há espaço para que o governo Dilma apresente uma proposta minimamente viável de condução do país.
Nas próximas semanas se saberá se esse vácuo aberto pela oposição será preenchido com um mínimo de protagonismo do governo
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