Luciano
Siqueira, no Blog da Folha
Desde cedo, oferto uma rosa vermelha a todas as mulheres que
lutam por um mundo de igualdade.
Para Luci, Neguinha, Tuca e Alice (que dá seus primeiros
passos na vida e um dia tomará consciência do papel e do lugar da mulher na
sociedade brasileira). E para as mulheres que comigo convivem no trabalho:
assessoras, ascensoristas, guardas e as dedicados aos serviços gerais.
Um gesto simples, mas pleno de significados.
Em toda parte, a rosa vermelha representa amor e luta.
Cumplicidade. Afeto. Combatividade.
Nunca foi tão necessária a luta pela emancipação da mulher –
uma causa de sentido estratégico, inclusa no salto civilizatório que aspiramos.
A igualdade de gênero não pode ser uma bandeira apenas das
mulheres. Há que conquistar também a outra metade da população. Assim tem sido,
gradativamente.
É uma luta de longo curso. O machismo se enraíza na sociedade,
nas várias culturas mundo afora, assentado num misto de tradição cultural e preconceito
ideológico.
Mesmo nas sociedades que alcançaram experiências socialistas
vitoriosas, a igualdade de gênero não avançou o suficiente.
Nos primeiros quarenta anos áureos da ex-União Soviética, em
dez anos de poder socialista mais de vinte por cento dos sovietes ostentavam
cadeiras ocupadas por mulheres. Isto num país – a velha Rússia tzarista – onde
em certas regiões a mulher sequer tinha direito a registrar o nome.
No Brasil, nas últimas décadas, tem avançado significativamente
a luta emancipacionista – nos planos teórico, político e prático.
Mas ainda há muitos “nós” a serem desatados. Um deles, a
enorme assimetria na participação entre homens e mulheres na esfera política.
Das instituições de base, como Conselhos Municipais setoriais e outros, às
Casas legislativas e aos diversos níveis dos poderes Executivo e Judiciário. O
progresso verificado até o momento está muito aquém da real presença da mulher
na vida econômica e social.
Daí esse Dia Internacional da Mulher, de raízes históricas
na luta operária de mulheres norte-americanas, é comemorado sim como um
instante de renovação de nossas convicções e de nossa disposição de seguir
adiante na peleja pela igualdade de gênero.
Que não se inibam manifestações de afeto, mas que se acentue
o caráter guerreiro deste dia.
Que nos deixemos tomar pela emoção – em casa, no ambiente de
trabalho, nos círculos de amizade, nas redes e nas ruas. E que a emoção se
alimente de afeto, cumplicidade e disposição de seguir adiante – de mãos dadas,
pela igualdade entre homens e mulheres na construção da verdadeira condição
humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário