Luciano Siqueira,
no Blog da Folha
Bem ao estilo da velha UDN – que perdia eleições presidenciais
e no dia seguinte iniciava a conspiração para depor o governante eleito –, o consórcio
oposicionista partidário-midiático oscila, agora, entre o impeachment e a
pressão pela renúncia da presidenta Dilma. Sem perder de vista o processo
acerca das contas de campanha no TSE, via preferencial da ex-senadora Marina
Silva.
Isto porque as manifestações de rua e o pronunciamento de
segmentos extensos e qualificados da sociedade, incluindo artistas, cientistas
e juristas, põem a nu a fragilidade do impeachment sem crime de
responsabilidade da governante; tornando clara a caracterização do golpe.
A pressão é gigantesca no Congresso e na mídia, respaldada
pela contaminação de uma parte da opinião pública tendencialmente conservadora.
O jogo não virou ainda.
Mas a resistência democrática é crescente.
Concomitantemente, a base social do golpismo – setores do
capital e da denominada classe média alta -, revela-se incomodada com o
torpedeamento da economia. Reclama solução breve para o impasse.
Nesse contexto, os verdadeiros propósitos dos golpistas são
mantidos sob a penumbra, embora aqui e acolá Armínio Fraga e gente do seu naipe
deixem escapar algo.
Sob a
falácia de que a crise é “brasileira” e, portanto, desconectada da crise
global, questionam o volume e a natureza do gasto público, que consideram
desproporcional à poupança nacional (sic).
Daí propugnam
redução drástica dos investimentos em programas sociais e retomam insinuações
da época de FHC, no sentido de passar ao setor privado instituições como a Caixa
Econômica Federal e mesmo a Petrobras.
Além disso,
exploram a brecha equivocadamente aberta pelo governo, que acenou com uma inoportuna
reforma previdenciária, para defenderem a revisão dos direitos sociais
assegurados pela Constituição.
Ou seja, acenam
com o figurino neoliberal.
Segmentos sociais
e político-partidários que nos anos recentes compuseram a coalizão que governou
o País e hoje se vêm atraídos pela direita, tenham ou não plena consciência das
implicações de sua opção, correm o risco de perder capital político acumulado
na esteira das conquistas sociais verificadas entre 2001 e 2014.
Derrotado o
golpe, novo reordenamento das alianças políticas certamente ocorrerá,
envolvendo partidos, setores de partidos e grupos sociais mais ativos.
Será a base
política possível (e necessária) a um novo pacto pela retomada do
desenvolvimento do País.
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mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD
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