30 abril 2016

Impasse institucional

O imbróglio do golpe
Eduardo Bomfim, no portal Vermelho
A votação na Câmara do impedimento do mandato da presidente Dilma revelou ao Brasil cenas grotescas da maioria dos parlamentares usando o microfone com um “sim” pela mulher, marido, família, o cachorrinho, etc.
Ficou óbvio, inclusive à mídia internacional, que não se julgava o parecer do relator do processo, um calhamaço de 500 páginas “escrito” em 24 horas, muito menos a defesa da presidente pela Advocacia Geral da União.
Na verdade não se discutiu o mérito do impedimento da principal mandatária do País eleita através do voto popular, o mais grave dos preceitos inscritos na Constituição da República.
Sob o comando do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, com vários processos de cassação, além de centenas de parlamentares em idêntica situação, a opinião pública assistiu a um espetáculo dantesco.
Porque admitia-se, como narrou a mídia, em meio a palavrório de ópera bufa, a anulação de mais de 54 milhões de votos, via a “garantia” de Eduardo Cunha de que eles estariam a salvo da perda de mandatos e outros crimes que correm na justiça. Tudo isso contra uma presidente sob a qual não pesa algum crime de responsabilidade.
Daí a indignação de milhões de brasileiros, o constrangimento de outros tantos que na oposição perceberam o esbulho que os moviam às ruas, à exceção dos assolados pelo ódio difuso, ou aqueles de ideologia fascista como o deputado Bolsonaro.
O vice Temer arquiteta um governo, ao lado de Cunha, em condição surreal. Não tem apoio de nenhum dos lados em que se dividiu a nação, cuja autoria material foi da banca rentista da Avenida Paulista com a mídia golpista que desde 1954 esmera-se na abjeta arte da conspiração contra a democracia, os interesses nacionais.
Tal modelo de “primavera colorida” bufa tem seguramente as digitais dos EUA. Logo saberemos de forma documentada de sua participação.
O processo segue no Senado com todas as instituições da República em crise profunda, a ameaça de um governo fantoche sem credibilidade e base social, com a rejeição de juristas, intelectuais, jornalistas, religiosos, organizações da sociedade civil etc.
A sanha golpista gesta um imbróglio institucional, econômico dramático, faz com que vários procurem alguma saída de emergência. Cabe aos democratas a luta pela legalidade, a defesa da nação raras vezes tão ameaçada.

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