Wagner
Moura, no DCM
Escrevi
essa resposta-texto para jornalistas do Estado e da Zero Hora que queriam minha
opinião sobre a extinção do Minc. O Zero Hora vai dar. O Estado se recusou.
A extinção do Minc é só a primeira demonstração de
obscurantismo e ignorância dada por esse Governo ilegítimo.
O pior ainda está por vir.
Vem aí a pacoteira de desmonte de leis trabalhistas, a
começar pela mudança de nossa definição de trabalho escravo, para a alegria do
sorridente pato da FIESP, que pagou a conta do golpe.
Começaram transformando a Secretaria de Direitos Humanos num
puxadinho do Ministério da Justiça.
Igualdade Racial e Secretaria da Mulher também: tudo será
comandado pelo cara que no Governo Alckmin mandou descer a porrada nos
estudantes que ocuparam as escolas e nos manifestantes de 2013.
Sob sua gestão, a PM de São Paulo matou 61% a mais.
Sabe tudo de direitos humanos o ex-advogado de Eduardo
Cunha, o senhor Alexandre de Moraes.
Mas claro, a faxina não estaria completa se não acabassem
com o Ministério da Cultura, que segundo o genial entendimento dos golpistas,
era um covil de artistas comunistas pagos pelo PT para dar opiniões políticas a
seu favor (?!!!).
Conseguiram difundir essa imbecilidade e ainda a ideia de
que as leis de incentivo tiravam dinheiro de hospitais e escolas e que os
impostos de brasileiros honestos sustentavam artistas vagabundos.
Os pró-impeachment compraram rapidamente essa falácia
conveniente e absurda sem ter a menor noção de como funcionam as leis (criadas
no Governo Collor!) e da importância do Minc e do investimento em Cultura para
o desenvolvimento de um país. É muito triste tudo.
Ontem vi um post em que Silas Malafaia comemorava a extinção
“do antro de esquerdopatas”, referindo-se ao Minc. Uma negócio tão ignóbil que
não dá pra sentir nada além de tristeza. Predominou a desinformação, a
desonestidade e o obscurantismo.
Praticamente todos os filmes brasileiros produzidos de 93
para cá foram feitos graças à lei do Audiovisual. Como pensar que isso possa
ter sido nocivo para o Brasil?!
Como pensar que o país estará melhor sem a complexidade de
um Ministério que cuidava de gerir e difundir todas as manifestações culturais
brasileiras aqui e no exterior?
Bradar contra o Minc e contra as leis (ao invés de
contribuir com ideias para melhorá-las) é mais que ignorância, é má fé mesmo.
E agora que a ordem é cortar gastos, o presidente que veio
livrar o Brasil da corrupção e seu ministério de homens brancos, com sete novos
ministros investigados pela Lava Jato, começa seu reinado varrendo a Cultura da
esplanada dos Ministérios… Faz sentido.
Os artistas foram mesmo das maiores forças de resistência ao
golpe. Perdemos feio.
Acabo de ler que vão acabar também com a TV Brasil.
Ótimo. Pra que cultura?
Posso ouvir os festejos nos gabinetes da Câmara, nos
apartamentos chiques dos batedores de panela, na Igreja de Malafaia e na
redação da Veja:
“Acabamos com esse antro de artistazinhos comprados pelo PT!
Estão pensando o que? Acabamos a mamata da esquerda caviar! Chega de frescura!
Viva o Brasil!”
Trevas amigo… E o pior ainda está por vir.
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