Luciano
Siqueira*
A revelação da conversa gravada entre Romero Jucá e Sérgio Machado significa
muito mais do que o motivo da queda de um ministro do Planejamento com apenas
dez dias no cargo.
Puxa o
fio do intricado novelo político intrinsecamente relacionado com o impeachment
da presidenta Dilma e a disputa entre as duas principais correntes golpistas -
o PMDB de Temer e o PSDB de FHC, Serra, Aécio e seguidores.
Espiando
tudo e mexendo os cordéis, à sorrelfa, o chamado "mercado", codinome
da poderosa e onipresente oligarquia financeira, que dá as cartas aqui e mundo
afora.
Ora, se
desde março a Procuradoria Geral da República e o STF já tinham em mãos essa
gravação, por que não agiram?
Por que
não tiveram a mesma atitude adotada em caso semelhante envolvendo o então
senador Delcídio Amaral?
Por que
adiaram, só Deus sabe para quando (não fosse a reportagem da Folha de S. Paulo),
o exame do assunto, mesmo sendo notório que, àquela altura, se assim tivesse
ocorrido, provavelmente mudaria o curso do processo de impeachment sem crime de
responsabilidade?
Na
conversa, tentando acalmar o aliado Machado, Jucá se refere a ministros do STF a
que teria acesso, e não apenas ao notório ministro-militante Gilmar Mendes.
Pura bazófia ou verdade?
Também
vale observar ter sido justamente a Folha de S. Paulo, o jornal mais vinculado
ao tucanato, a divulgar o teor da conversa.
Na
partilha do butim, o PSDB recebeu de Temer os principais postos da gestão
econômica e financeira, menos o ministério do Planejamento, igualmente
importante, entregue ao "negociador" parlamentar peemedebista Romero
Jucá. Contrariou a quem?
Em sua
entrevista coletiva, na manhã de ontem, Jucá se vangloriou de ter o respaldo
dos "agentes econômicos", vale dizer, do "mercado". Terá
mesmo?
Diante
do barco furado que é o governo interino Temer-Cunha, quiçá o afair
Jucá-Machado venha a contribuir para mover, como placas tectônicas, alguns
senadores que inicialmente votaram pela admissibilidade do processo de
impeachment e agora, pela evidência dos fatos, venham a mudar de posição.
Assim,
se evitaria o placar de dois terços necessário para o afastamento definitivo da
presidenta Dilma.
Para
que tal aconteça, impõe-se a combinação da pressão das ruas com eficiente articulação
política.
Senadores
e suas legendas, ou parcelas de suas legendas, que possam vir a se recompor com
o campo democrático devem ser bem acolhidos, sem a contaminação do sectarismo
ou do preconceito. Vale mais o interesse da nação do que disputas paroquianas.
*Publicado no Blog da Folha e no Blog
do Renato
Bom artigo de Luciano. Observo apenas que apenas o Estadão defendeu a candidatura Aécio, em editorial, portanto o mais firme porta-voz dos tucanos.
ResponderExcluirO que não significa não ser o jornal da oligarquia Frias também tucana.
Barroso
Bom artigo de Luciano. Observo apenas que apenas o Estadão defendeu a candidatura Aécio, em editorial, portanto o mais firme porta-voz dos tucanos.
ResponderExcluirO que não significa não ser o jornal da oligarquia Frias também tucana.
Barroso