Luciano
Siqueira, no Blog da Folha
Claro que não falo em salvação eterna, no sentido religioso. Refiro-me à luta política. E, portanto, à absoluta necessidade de alianças.
Claro que não falo em salvação eterna, no sentido religioso. Refiro-me à luta política. E, portanto, à absoluta necessidade de alianças.
Não é mero
palpite. É uma lei da História - aqui e mundo afora.
Na história
do Brasil, alianças amplas e diversificadas foram fundamentais não apenas em
lutas e conquistas marcantes em nossa evolução civilizatória - a Independência,
a República, a Abolição, a Revolução de 30; como, mais recentemente, na
superação do Estado Novo e na derrocada da Ditadura Militar e nos treze anos de
governos Dilma-Lula, com imensas conquistas sociais.
Em termos
simplificados, as vitórias obtidas por forças à esquerda invariavelmente
contaram com o apoio de correntes situadas ao centro. Assim como derrotas da
esquerda em geral resultaram de alianças entre a direita e o centro.
(Um
parêntesis: aqui não se trata de rotular esta ou aquela corrente política,
mas de reconhecer que, numa determinada disputa, o olhar sobre os contendores e
as posições políticas que encarnam, torna esses matizes visíveis).
Há situações
peculiares, como provavelmente será o caso das eleições municipais de outubro.
Em meio à
profunda crise política e econômica e à excepcional instabilidade e
esgarçamento das instituições (inclusive de boa parte dos partidos), o quadro
das alianças locais inevitavelmente se apresentará multifacetado.
No Recife,
correntes à esquerda marcharão em diferentes coalizões ou sozinhas. O
mesmo acontecerá com correntes conservadoras e situadas à direita.
O
PCdoB, devido ao protagonismo assumido na luta política nacional, tem sido
instado por amigos e filiados a disputar prefeituras com candidatura própria em
muitos lugares.
Em alguns
municípios essa aspiração se concretiza. Em Olinda, por exemplo, já se foram
quatro eleições seguidas em que os comunistas elegeram o prefeito - duas vezes
Luciana Santos, duas vezes Renildo Calheiros.
Com um
detalhe: ambos à testa de amplas coalizões partidárias e sociais, compostas por
diversos matizes políticos e ideológicos.
Já em outros
municípios as circunstâncias não favorecem alianças amplas em torno de
candidatura própria. A opção, nesses casos, é somar forças em torno de outra
legenda.
Em coalizões
de partidos de variadas inclinações políticas e ideológicas e diferentes
posicionamentos acerca da problemática nacional o ponto de convergência haverá
de ser sempre a proposta programática para cidade.
Enfim, o bom combate não se trava em condições de isolamento
político.
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