Bernardo Mello Franco, na Folha
de S. Paulo
A praia do Futuro é uma das
mais procuradas por quem gosta de relaxar ao sol de Fortaleza. Em torno de suas
areias cresceu o bairro Dunas, endereço de mansões protegidas por muros altos e
cercas eletrificadas. É numa delas que repousa Sérgio Machado, o ex-presidente
da Transpetro queabastecia políticos com dinheiro do petrolão.
Depois de delatar os comparsas, o peemedebista foi premiado com o
regime de prisão domiciliar. Não passou um único dia na cadeia e foi autorizado
a se recolher ao conforto do lar, onde poderá matar o tempo entre a piscina, a
quadra poliesportiva e a churrasqueira. Ele ainda terá autorização para sair de
casa em ao menos oito datas até 2018, quando se livrará da tornozeleira
eletrônica.
Machado não é o único réu do petrolão a levar uma doce vida depois
de fechar acordo de delação com a Lava Jato. Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras,
habita um condomínio exclusivo em Itaipava, na região serrana do Rio. É vizinho
de altos executivos e de um ministro do Supremo, que acumulou patrimônio como
advogado de renome.
Pedro Barusco, o ex-gerente da estatal que organizava planilhas de
propina, aproveita o mar em Angra dos Reis. No ano passado, foi fotografado à
vontade numa cadeira de praia, dando baforadas num charuto e tomando cerveja.
Ele cumpre pena em regime aberto, que dispensa a companhia da tornozeleira.
Eduardo Cunha, o deputado, levou uma vida de milionário no período
em que a Petrobras era saqueada -na certa, uma coincidência. Hospedou-se nos hotéis mais caros do mundo, jantou nos
melhores restaurantes e colecionou carros importados, alguns
registrados em nome da empresa Jesus.com.
Agora Cunha está ameaçado de prisão e ouve conselhos para oferecer uma delação à Lava Jato, hipótese que
assombra figurões no Congresso e no governo interino. Os exemplos de Machado,
Costa e Barusco devem ajudá-lo a decidir.
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