Railídia
Carvalho, Portal
Vermelho
O presidente interino e
ilegítimo Michel Temer não se intimidou com a anulação
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da exoneração do diretor-presidente da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Ricardo Melo. Segundo
informações publicadas nesta sexta-feira (17) na Folha de S.Paulo, ele deverá
encaminhar projeto de lei ao Congresso para alterar a legislação da EBC, o que vai resultar no fechamento da Tv Brasil e do Conselho
Curador da empresa. A mídia golpista aplaude.
A
abordagem da matéria do jornal dos Frias mostra o jogo duplo da Folha, que
alardeia as delações contra Temer, para posar de isenta junto à população,
enquanto tenta reduzir a um simples jogo de interesses os ataques à tv Brasil.
Não é de se estranhar visto que a própria Folha defende o
fechamento da EBC desde que ela foi criada.
Na
opinião de jornalistas que atuam pelo direito à comunicação, a intenção do presidente
golpista Temer, levado à essa condição com a apoio da imprensa empresarial,
é destruir uma experiência de 8 anos voltada para a construção, de maneira
inédita no Brasil, de uma prática de comunicação balizada pelo interesse
público.
“É a
luta pela comunicação pautada pelo interesse público com uma programação que se
distingue da programação da comunicação comercial privada, que está voltada
para os interesses comerciais e para a venda de anúncio”, afirmou Renata
Mielli, coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação em
reportagem para o Portal Vermelho, no início de junho.
No
artigo “Valor da comunicação pública é maior que os interesses do governo da
vez”, publicado nesta quinta-feira (16) no portal do FNDC, o jornalista Lalo
Leal reforça que existem outras formas de fazer rádio e televisão diferentes
daquelas que vendem produtos ou arrecadam dinheiro para as igrejas.
Lalo
lembrou que a EBC surgiu para completar o tripé de modelos de radiodifusão no
Brasil, dominada pelos modelos privado e estatal. “O privado é o dominante há
décadas, o estatal sobrevive com a Voz do Brasil no rádio e a TV NBR e o
público, de caráter nacional, começa a ser construído com a EBC que administra
hoje duas emissoras de televisão, oito de rádio, duas agências de notícias e
uma prestadora de serviços externos”, explicou.
Renata
declarou que o agravamento da crise política e econômica no Brasil desviou o foco
de alguns progressos obtidos pela tv pública.
“O seu
formato (EBC) é uma iniciativa que está em construção. Existem críticas em
relação à abordagem de temas que carecem mais de diálogo com o movimento social
e de se distanciar mais da grade da comunicação privada, mas isso é um processo
de construção política. A EBC só tem oito anos”, lembrou Renata.
“Na TV
Brasil, por exemplo, os programas infantis hoje banidos das emissoras
comerciais alcançam as maiores audiências”, lembrou Lalo. Ele destacou ainda na
grade da TV Brasil o programa de samba, único na tv aberta brasileira e o
espaço para o debate sobre concessões das emissoras, a presença do negro na
televisão, a ditadura da imagem da mulher e ainda sobre a onda de intolerância,
que estimula a violação aos direitos humanos alimentada pelos programas de tv
policialescos.
“Coube
à TV Brasil, recentemente, colocar no ar o primeiro programa LGBT da televisão
brasileira, mostrando com seriedade e respeito um mundo excluído e
ridicularizado em outras emissoras. Personagens da vida pública, com algum
compromisso com as lutas sociais mais amplas, só encontram espaço nos programas
de entrevistas e nos telejornais da TV Brasil”, enfatizou Lalo.
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