Emir Sade, Brasil 247
No começo da crise, a mídia internacional
simplesmente reproduzia o que dizia a imprensa brasileira. Era uma espécie de
continuidade da operação de desconstrução da imagem do Brasil de Lula, iniciada
com as manifestações de 2013. Por ela, o Brasil deixava de ser o país que
combatia radicalmente a fome e a desigualdade para ser o país da corrupção. O
país deixava de ter modelo de desenvolvimento econômico com distribuição de
renda factível e virtuoso para ser um país inviável economicamente e caótico.
Comandavam essa operação alguns dos órgãos conservadores de maios peso na
formação da opinião pública internacional, entre eles The Economist, Wall
Street Journal, El País, Financial Times.
Era preciso destruir a imagem do Brasil como modelo
internacionalmente reconhecido de alternativa ao neoliberalismo. A imagem de
Lula como o mais importante líder político no combate à fome, como "o
cara", deveria ser substituída pela de um líder de um projeto falido e sua
imagem esquecida.
A crise, segundo grande parte da mídia
internacional, no seu início, era uma continuidade da interpretação dela
simplesmente como um estágio final da esgotamento dos governos do PT, corroído
por sua própria corrupção. Era a versão da mídia brasileira reproduzida
mecanicamente fora do Brasil.
Quando a crise se tornou aguda, os principais meios
de comunicação de todo o mundo mandaram seus correspondentes para acompanhar
seu desenlace, conforme anunciada pela mídia. Ao chegar, logo se deram conta
que se tratava exatamente do contrário: são os corruptos, com Eduardo Cunha e
Michel Temer à cabeça, os que tratam de derrubar uma presidenta honesta, que
não havia cometido nenhum crime de responsabilidade que permitisse a aplicação
do impeachment e que se trata efetivamente de um golpe político dos setores
mais conservadores do país, para bloquear um modelo vitorioso quatro vezes nas
urnas e cuja imagem é o prestígio vigente do próprio Lula, sobre quem nenhuma
acusação de corrupção foi comprovada.
Gerou-se então uma impressionante unanimidade
internacional, maior do que em qualquer outro momento, inclusive durante a
ditadura militar, de condenação do golpe e de ilegitimidade do governo que
surge daí. Mesmos os órgãos mais neoliberais, que se entusiasmam com os planos
privatizadores de Henrique Meirelles, se dão conta da fragilidade política do
governo e de como ele está composto por um bando dos políticos mais corruptos
do Brasil.
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