Eduardo
Bomfim, no portal Vermelho
O plebiscito que deu vitória à saída
do Reino Unido da zona do Euro é uma faísca numa pradaria ressecada.
Porque há insatisfação geral com as diretrizes para as
nações que integram a comunidade europeia, que têm beneficiado o capital
financeiro, penalizando a maioria dos Países, especialmente os setores médios e
a classe trabalhadora.
É claro que existem outros fatores incidindo diretamente
sobre as grandes maiorias no velho continente, como as formidáveis ondas de
refugiados provenientes do Oriente Médio e África. Mas é preciso entender os
imigrantes em sua forma clássica, e os refugiados.
Os primeiros sempre existiram em grande número,
especialmente nos séculos XIX, XX e atual milênio, em decorrência da pobreza,
oferta de trabalho, péssimas condições salariais e de vida no continente africano,
Ásia e América Latina, alimentados pelo sonho de uma vida melhor seja na Europa
ou nos Estados Unidos.
Enquanto o sistema capitalista apresentava índices de
crescimento, principalmente durante os chamados “anos dourados” que se
estenderam do pós Segunda Guerra Mundial ao início da implantação dos governos
neoliberais via a primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher e o presidente
dos EUA Ronald Reagan nos anos 70, os imigrantes foram relativamente tolerados.
Ocupavam primordialmente serviços braçais ou outros desprezados na comunidade
europeia.
Com a ascensão da Nova Ordem neoliberal, o grande crash
sistêmico de 2008, a ruína das economias no primeiro mundo, a “prosperidade
contínua”, vendida como ouro de tolo às pessoas pelos arautos da globalização
do rentismo, espatifou-se. E com o desemprego em massa aflorou a intolerância
aos imigrantes.
Já o fenômeno atual das ondas de refugiados rumo à Europa
soma-se às guerras de rapina contra os Países do Oriente Médio e África,
destruindo parcas infraestruturas em várias nações, restando aos respectivos
povos a fuga em massa dos conflitos, da fome endêmica. É o caldo de cultura
onde assenta a intolerância, a xenofobia e o terrorismo fundamentalista.
Não é possível entender a onda reacionária no Brasil, América
Latina, dissociada da ofensiva do capital financeiro contra os povos, às
riquezas dos Estados soberanos. São tempos de resistência democrática e
patriótica no Brasil. De luzes contra o obscurantismo, em defesa da humanidade.
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