Luciano
Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Mesmo que o Senado, num lance a essa altura
surpreendente, venha a não confirmar o impeachment da presidenta Dilma, os
desdobramentos imediatos — na melhor das hipóteses, a antecipação das eleições
presidenciais via plebiscito — se darão em ambiente de complexa e desfavorável
correlação de forças.
Muito
pior, e o mais provável que aconteça, será o provisório e regressivo governo
Temer se "legalizar” em consequência do afastamento definitivo da
presidenta.
Trocando
em miúdos, o "velho” conseguiu superar o "novo”.
A
transição da ordem neoliberal a um novo projeto nacional de desenvolvimento,
iniciada no primeiro governo Lula e exaurida no último ano do primeiro governo
Dilma, está interrompida, dando lugar ao retrocesso.
A
receita neoliberal ressurge agora sob condições mais perversas, plenamente conectada
com a ofensiva do capital financeiro internacional diante da crise global.
Tudo
pondo a nu problemas estruturais da sociedade brasileira não superados no
recente período de prevalência democrática e progressista e também o
insuficiente nível de amadurecimento político, ideológico e técnico das forças
que governaram o país ocupando a hegemonia nos governos Lula e Dilma.
Não
fomos capazes de enfrentar obstáculos estruturais ao desenvolvimento econômico,
nem alterar minimamente a superestrutura jurídico-estatal, que inibe o distorce
transformações de maior envergadura.
Tampouco
o povo foi chamado a intervir, na dimensão necessária, em momentos de ameaça e
crise — nem quanto Lula gozou de amplo e consistente prestígio popular.
Lula e
Dilma sempre mantiveram a velha tradição brasileira de soluções de crises
"por cima", subestimando a mobilização da base da sociedade.
O fato é que os inegáveis avanços alcançados no período
recente começam a ser desmontados com incrível rapidez por Temer e seu grupo. Sequer
esbarram em entraves jurídico-formais, que permaneceram no essencial
inalterados.
Tanto que o conluio entre o chamado “mercado”, a mídia hegemônica,
parte do Judiciário e do Ministério Público e a base parlamentar hegemonizada
pela direita age quase sem encontrar resistência.
Assim, colocam-se novas condições para a luta emancipadora
do povo brasileiro, de sentido estratégico e de exigências táticas imediatas
muito complexas.
A agenda das forças populares e progressistas é
constrangida, de imediato, pela resistência ao desmonte neoliberal; e, com
olhar no médio prazo, há que relançar
os pontos essenciais de um renovado projeto nacional de desenvolvimento.
Sempre buscando juntar forças – sem estreiteza, nem exclusivismo.
Sempre coerentemente combativo. O que me assusta é que o povo, refiro-me aqui àquela massa mais carente, está lheia aos fatos. Não entende as ameaças as conquistas sociais e trabalhistas de uma geração que não fugia à luta. Uma geração que enfrentou a crueldade de ditadores, atrevo-me a dizer, animalescos. Vivemos hoje com jovens que arriscam suas vidas numa caçada a um objeto virtual, mas não dão passos para NB defender sua cidadania.
ResponderExcluirInfelizmente caminhamos para um retrocesso no processo democrático, que terá resultado desastroso para a maioria da população.
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