O cenário das eleições no Recife sinaliza, de certa maneira,
um repúdio às forças mais conservadoras da cidade. O deputado federal Daniel
Coelho (PSDB) – que terminou em segundo lugar na eleição municipal de 2012 -
ficou em terceiro nesta sondagem, com 17% das intenções de voto. Já a deputada
estadual Priscila Krause (DEM) não chegou nem aos dois dígitos, figurando com
3%. Leia matéria de Joana
Rosovikwiat no portal Vermelho http://migre.me/v6UYg
A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
30 setembro 2016
Vantagem para a competência
Quem venceu o debate ontem na Globo?
Luciano
Siqueira, no Facebook
Debates na TV nos últimos instantes da campanha eleitoral e sob regras em geral restritivas, dizem pouco ou muito — depende das circunstâncias, dos temas postos à tona e do desempenho dos debatedores.
Debates na TV nos últimos instantes da campanha eleitoral e sob regras em geral restritivas, dizem pouco ou muito — depende das circunstâncias, dos temas postos à tona e do desempenho dos debatedores.
Em
certa medida, a imagem — a fisionomia, a entonação da voz e o modo de tratar os
adversários — pesa mais do que os argumentos.
No
debate de ontem, Geraldo suplantou os adversários nos dois quesitos: conteúdo e
imagem.
Esteve
seguro e claro nos argumentos em defesa da sua obra de governo e habilidoso ao
fustigar os concorrentes explorando suas contradições. Mas em nenhum momento
foi deselegante ou agressivo.
Certamente
não pegou bem perante os telespectadores a tática de João Paulo, Priscila e
Daniel de atacarem Geraldo sem lhe dirigir as perguntas diretamente a ele, na
maior parte do tempo. Foi como se alguém quisesse falar mal de alguém sem
encará-lo nos olhos, à sorrelfa.
Provavelmente
o principal perdedor terá sido o candidato Daniel Coelho.
Primeiro,
pela agressividade e pelo modo desrespeitoso como se dirigiu a Geraldo e a João
Paulo. Segundo, porque foi quase nocauteado com a revelação do projeto de lei 5.446, de sua autoria, que propõe pesadas penas aos praticantes do transporte
individual de passageiros não autorizado legalmente. Ou seja, o Uber sobre o
qual fincou na campanha uma das suas solitárias bandeiras.
A
demagogia tem pernas curtas, uma lição que Daniel parece ter dificuldade de
aprender.
Para
nós da Frente Popular do Recife, em curva ascendente na preferência do
eleitorado, bastava ter empatado. Porém vencemos o debate — o que reforça mais
ainda a disposição de luta militante e a acolhida da maioria dos recifenses.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
29 setembro 2016
Multiplicar o voto
De mal a pior
Apesar do empenho dos veículos de comunicação - que
apoiaram o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e alçaram Michel Temer à
Presidência da República - em transmitir algum otimismo, não há um sinal
concreto de melhora dos indicadores econômicos. Muito pelo contrário, o
desemprego aumentou, a arrecadação caiu e os investimentos foram
reduzidos. Leia mais http://migre.me/v6uue
No fundo do poço
Ibope:
Em São Paulo, 2% avaliam o governo Temer como ótimo e 26% acham péssimo. Até os
conservadores o rejeitam!
Globalização perversa
A política do caos
Eduardo Bomfim, no portal Vermelho
O que vemos no
Brasil atual é o aprofundamento das políticas de mundialização do capital
financeiro sobre os Estados soberanos, contra as históricas conquistas
trabalhistas adquiridas através de muita luta, suor, sangue mesmo, desde o
final da 2ª Grande Guerra Mundial.
Trata-se de um
processo demolidor das sociedades erigidas nesses últimos 71 anos, com todas as
suas virtudes, e seus inumeráveis defeitos, em vários aspectos: político,
cultural, ideológico, econômico etc.
A globalização
financeira e parasitária vem se dando em etapas, não de maneira planejada mas
via sofreguidão acumulativa do capital fora do processo produtivo, para que não
fique pedra sobre pedra da sociedade contemporânea.
Na medida em que as
manifestações de resistências sociais, dos povos e nações, são postas na
defensiva através de uma hegemonia política totalitária, onde joga papel
preponderante a grande mídia globalizada associada ao rentismo, aí a Nova Ordem
mundial avança como uma retroescavadeira destruindo o tecido das sociedades.
Sob o falso discurso
de uma era sem fronteiras, do cidadão global, de uma única sociedade mundial,
destrói-se não só a identidade cultural, antropológica das sociedades, mas a
condição das nações serem protagonistas dos seus próprios destinos, submetendo-as
a um total desnorteamento.
Em recente artigo os
economistas Luís Gonzaga Belluzzo e Galípolo indicam que pela primeira vez a
renda dos 1% dos mais abastados do planeta equivale à de 99% da população. Esse
é o destino da sociedade a que a globalização da Nova Ordem mundial conduz.
Dizem os
economistas: “pretendem a rejeição ao outro, a reputação das causas do mal aos
que não são iguais, incitam o ódio de classe, gênero, raça, religião pelos
quatro cantos do globo... onde se manejam, através da política e da mídia, a
técnica das oposições binárias que se esparramam nas modernas interações das
redes sociais, tentam sustar a articulação do movimento de grupos sociais
heterogêneos em uma grande coalizão progressista (e patriótica), onde decisões
sejam permeadas por instâncias democráticas”.
É uma estratégia do
retorno ao poder das forças neoliberais ortodoxas pela via totalitária do
pensamento único, a criminalização da política. Cabe-nos a luta em defesa do
progresso social e da nação sob graves ameaças.
Leia mais sobre temas da atualidade:
http://migre.me/kMGFD
Regressão de direitos
Aos poucos, todas as maldades
contidas no documento Ponte para o Futuro, do PMDB, vão retornando à cena, como
bandeiras da gestão Michel Temer. Nesta quarta (28), o ministro da Casa Civil,
Eliseu Padilha, disse que Temer vai passar "um pente-fino" na
proposta de reforma da Previdência antes de enviá-la ao Congresso. Segundo ele,
o governo estuda desvincular benefícios como o de Prestação Continuada (BPC) e
pensão por morte da correção do salário mínimo. Leia mais http://migre.me/v6qgh
Educação elitista
Uma escola para os privilegiados que vão dirigir o Brasil, a
sociedade, a economia. Outra para a imensa maioria da população, de quem
aqueles privilegiados esperam obediência, trabalho e eficiência. Este é
o sentido geral da reforma do ensino médio apresentada pelo ilegítimo Michel
Temer e pelo ocupante do ministério da Educação Mendonça Filho, na última
quinta-feira (22). Ela tem o defeito adicional de constar da Medida
Provisória 746, e isso foi visto com razão como uma fuga ao debate desta
questão central, para enfiar goela abaixo a pretensão de patrocinar uma escola
que, longe de produzir cidadãos autônomos que pensem com a própria cabeça,
forme uma obediente e acrítica mão de obra dócil, voltada para as habilidades
técnicas e longe do uso pleno do múltiplo potencial intelectual de cada um dos
seres humanos. Leia mais http://migre.me/v6q63
Resistência operária
Nesta quinta-feira (29), os metalúrgicos
brasileiros realizam um dia nacional de paralisações contra as reformas
trabalhista e previdenciária do governo de Michel Temer. As greves, passeatas,
protestos e assembleias pelo país neste dia marcam o ato unitário da Federação
Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Confederação
Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores
Metalúrgicos (CNTM) e CST Conlutas. Leia mais http://migre.me/v6q02
A fase atual da luta
Toda forma de resistência vale a pena
Luciano
Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Como parte da correlação de forças adversa, que propiciou a consumação do impeachment da presidenta Dilma, emerge considerável dispersão entre as forças agora na oposição.
Como parte da correlação de forças adversa, que propiciou a consumação do impeachment da presidenta Dilma, emerge considerável dispersão entre as forças agora na oposição.
Não
apenas em razão da relativa fragmentação própria das eleições municipais, que configuram
uma multiplicidade de alianças e projetos que põe em confronto, em âmbito
local, correntes políticas que tendem a convergir em torno da questão nacional.
Há
principalmente uma fragmentação resultante de diferentes juízos de valor acerca
de questões cruciais da vida do país e, sobretudo, de discrepantes compreensões
dos desafios práticos atuais.
Nesse
contexto, não cabe açodamento na busca da necessária convergência; cabe sim, de
modo sereno e generoso, muita paciência.
Entrementes,
a resistência concreta às políticas anunciadas e medidas práticas adotadas e
gestos de evidente teor reacionário emitidos do Palácio do Planalto pode e deve
acontecer das mais diversas formas e trincheiras — no Parlamento, nas ruas, nas
empresas, no bairro, nas escolas, nas redes sociais e assim por diante.
Toda
forma de resistência vale a pena!
E este
ainda é o instante em que a luta se dará de maneira relativamente dispersa ou,
dito de outro modo, cada segmento social e representação política partidária
toma as iniciativas imediatas que a vida impõe e se colocam ao seu alcance.
Às
correntes mais consequentes — o PCdoB com destaque — cumpre trabalhar na
construção de uma plataforma de lutas comum, que terá espaço tão logo se
conclua o atual episódio eleitoral.
A
necessidade de reformas estruturais – política, dos meios de comunicação, do sistema
educacional, agrária, urbana, tributária e do sistema judiciário, a defesa e o
fortalecimento do SUS -, agora sob condições mais difíceis, pois o golpe se
desdobra em todas essas esferas, haverão de balizar a agenda da resistência.
Aí
partidos e movimentos sociais serão chamados de fato a colocarem a nação e os
interesses fundamentais do nosso povo como estandarte principal, respeitadas as
diferenças político-ideológicas, rusgas pós-eleitorais e pleitos corporativos e
setoriais.
Em
tempos bicudos, a nenhuma força política cabe a presunção do exclusivismo na
busca do indispensável acúmulo de forças através da resistência hoje para uma contra-ofensiva
futura.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
28 setembro 2016
Equívoco
A crítica ao programa de robótica nas escolas da rede municipal
Luciano Siqueira, no Facebook
É próprio do embate eleitoral a polêmica como forma
democrática do confronto de ideias.
Quem governa E busca a reeleição, como o prefeito Geraldo
Julio, tem a obra de governo submetida à critica dos adversários e ao crivo do
eleitorado.
Isso é muito bom. Ajuda na formação de um eleitorado mais
esclarecido e consciente.
Mas é um equívoco a crítica rasteira a programas bem
sucedidos.
Caso da robótica nas escolas da rede municipal, que já
beneficiam cerca de 74.300 alunos. Vale dizer, alcança mais de 70 mil famílias.
Trata-se de formar novas gerações de alunos em sintonia com
a tecnologia da informação, essencial para que venham futuramente a competir em
pé de igualdade no mercado de trabalho com trabalhadores e técnicos oriundos
das escolas privadas.
Também para o melhor aproveitamento nas disciplinas curriculares.
O trabalhador de hoje, seja qual for a sua esfera de atuação
– da indústria aos serviços – há que estar apto a cumprir suas tarefas conforme
se apresentam no tempo presente e, igualmente, em condições de absorver novos
processos produtivos advindos da incessante inovação tecnológica.
Não procede a crítica de que o programa de robótica na rede
municipal “ainda não alcança todos os alunos”.
Políticas públicas inovadoras nunca se iniciam universalizadas.
A universalização é um passo seguinte – que envolve tanto a sistematização da experiência
vivida, como a obtenção de recursos materiais e humanos em maior dimensão.
Trata-se, portanto, de uma crítica improcedente. Pais e mães
de alunos da rede municipal a rejeitam.
lucianosiqueira.blogspot com
#RecifePraFrente #Geraldo40
Circunstâncias da batalha
A variável tempo na atual campanha
Luciano Siqueira,
no Blog de Jamildo/portal ne10
O primeiro turno da campanha eleitoral está chegando ao fim
e a ficha ainda não caiu para muita gente.
Refiro-me às circunstâncias peculiares do pleito,
determinadas por duas ordens de fatores: a redução drástica de meios materiais
e financeiros; e a variável tempo.
A interdição do financiamento empresarial privado das
campanhas, uma conquista da OAB junto ao STF, diminuiu em muito o peso do poder
econômico, ainda que parcialmente.
Faltou adotar o financiamento público, acompanhado de rigorosas
regras, como acontece pelo mundo afora.
E, além de mecanismos à margem da lei, como se tem
divulgado, como a apropriação à revelia do CPF de muita gente, conforme o TSE
tem flagrado, prossegue legal o uso de recursos pessoais do candidato até 10%
da renda consignada na declaração do imposto de renda do ano anterior, o que
beneficia, em certa medida, candidatos ricos.
De toda sorte, a restrição de recursos induz a um contato
mais direto com os eleitores, sobretudo no caso de postulantes às Câmaras de
Vereadores.
Também “limpa” de artifícios midiáticos sofisticados os programas
e as inserções diárias na TV e no rádio.
De outra parte, o peso da campanha curta – praticamente resumida
a um mês e meio – é uma variável ainda confunde muita gente, inclusive estrategistas
de campanhas majoritárias.
Por exemplo, na tentativa de “desconstruir” o adversário. Algo
que exige tempo e volume de exposição midiática, especialmente quando o
adversário é o gestor candidato à reeleição e está à testa de uma administração
largamente aprovada pela população.
A campanha curta implica prioridade para as próprias propostas,
secundariamente a comparação com a dos adversários.
Aqui e em muitas cidades, segundo se registra no noticiário
político e atestam as pesquisas, esse elemento – a desconstrução do que vem
dando certo – revela-se um erro tático.
O fato é que adiante, superada a instabilidade política e
institucional e restabelecida uma correlação de forças mais consentânea com o
desenho real da sociedade brasileira, será possível retomar a reforma política
e eleitoral como item de destaque da agenda democrática.
Por enquanto, tudo o que se fizer nessa matéria aprofundará
contradições, imperfeições e insuficiências, tal a composição conservadora e fragmentada
da Câmara dos Deputados e do Senado.
Futuramente, quem sabe, a sociedade brasileira possa retomar
sua senda civilizatória e, enfim, possamos adotar sistema eleitoral e
partidário essencialmente democrático e racional.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
Volta, Luciana!
A batalha de Olinda exige de todos nós uma parcela de
contribuição. Nas ruas e nas redes. Luciana é a nossa bandeira.
Contra o povo
Nota técnica do Instituto de Pesquisas
Econômica Aplicada (IPEA) aponta os efeitos perversos da PEC 241 - que impõe um
teto para gastos públicos. Segundo o estudo, caso a medida seja aprovada, a
saúde vai perder recursos. Em uma área já reconhecidamente subfinanciada, não
será possível sequer manter o atual e já insuficiente grau de acesso e
qualidade de serviços. Isso porque a população está a aumentar e envelhecer, o
que demandará mais verbas. De novo, os mais pobres serão os mais afetados.
Leia mais http://migre.me/v5KCq
27 setembro 2016
"Votar é preciso, viver não é preciso"
Um gesto simples e poderoso
Luciano
Siqueira, no Blog da Folha
A poucos dias do primeiro turno das eleições
municipais, pesquisas indicam percentuais elevados de eleitores ainda desinteressados
em relação à campanha e tendentes a não comparecer às urnas ou a votar branco
ou nulo.
No ambiente
de profunda crise econômica, social e institucional, de corrosivo desgaste de
partidos e de importantes detentores de mandato, é natural que assim seja.
Entretanto,
identifica-se uma franja considerável de eleitores que, embora revoltados,
movem-se pela consciência da importância do voto.
Aí
reside paradoxalmente a chance de renovação das Câmaras Municipais, em geral de
perfil localista e conservador - fenômeno que envolve, inclusive, grandes e
médias cidades.
Certa
vez, presidi no Recife a abertura de um encontro nacional de secretários de
finanças das capitais. Na ocasião, pude conversar com o ex-ministro do
planejamento João Sayad, então secretário de finanças de São Paulo.
O
ex-ministro do governo Sarney se dizia satisfeito com a nova experiência, que
lhe permitia ver as coisas acontecerem na ponta, ou seja, na esfera do poder
local.
A
dinâmica da cidade lhe era assim muito mais perceptível do que ao olhar
distante dos gabinetes de Brasília.
Por
outro lado, me dizia Sayad, enfrentava o dissabor da convivência com uma
maioria de vereadores muito mais interessada no seu nicho eleitoral do que
propriamente na abordagem dos problemas cruciais da cidade e do seu futuro.
Isto na
cidade mais desenvolvida do país!
Agora,
a composição essencial da imensa maioria das Câmaras Municipais certamente não
se alterará, porém o ambiente de crise e de insatisfação pode parir uma nova
leva de representantes advindos de setores sociais mais atentos ao que ocorre
na vida da cidade e no país.
É o voto
da consciência e da confiança, conquistado num corpo a corpo marcado pela troca
de impressões e pela afirmação de compromissos dos candidatos.
Ainda
que a concorrência com o voto obtido pelos meios convencionais — ditos
assistencialistas e "fisiológicos" — permaneça desigual, em relação
direta com o nível de consciência de organização do povo, a renovação em certa
medida é possível.
Aos que
disputam o voto considerado mais esclarecido resta expectativa de que seus
apoiadores efetivamente peçam o voto às pessoas com as quais convive nos
diversos ambientes que frequentam.
Um
gesto muito simples, ao alcance de todos e ao mesmo tempo poderoso.
É a
contribuição individual para o tão necessário aprimoramento da vida política na
atual quadra crítica que o Brasil atravessa, a partir da base da pirâmide — a
cena política local.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
O bobo da vez
Uma
bolsa de apostas em paralelo às loterias: quem acertar o ministro que hoje dirá
alguma bobagem e será desmentido e repreendido no dia seguinte por Temer ganha
um doce.
26 setembro 2016
Tirando a máscara
Temer confessa as verdadeiras razões do golpe
No portal Vermelho
Falando para empresários na Americas Society/Council of the Americas, nesta quarta-feira
(21), em Nova York, o presidente ilegítimo Michel Temer confessou que o golpe
contra Dilma Rousseff ocorreu para impor ao país o programa econômico rejeitado
nas urnas, expresso na chamada “Ponte para o Futuro”. Neoliberal e
antipopular, o programa foi anunciado pelo PMDB em outubro de 2015. Temer
deixou claro que as razões alegadas para depor a presidenta eleita foram meros
pretextos para iludir parte da opinião pública e disfarçar o golpe.
A confissão feita pelo ocupante da Presidência do Brasil leva à
conclusão de que aquele programa retrógrado foi a senha do golpe. A direita e
os conservadores se uniram na conspiração golpista depois que Dilma Rousseff
não aceitou o programa neoliberal.
Temer disse: “Sugerimos ao governo que adotasse as teses que nós
apontávamos naquele documento chamado ‘Ponte para o Futuro’. E, como isso não
deu certo, não houve adoção, instaurou-se um processo que culminou agora com a
minha efetivação como presidente da República”.
É uma confissão clara da conspiração e da chantagem feita contra Dilma
Rousseff, ao lado da outra, a da vingança de Eduardo Cunha, que iniciou o
processo de impeachment em dezembro de 2015.
A proposta feita pela direita e pelos conservadores é radicalmente
oposta ao programa que, desde 2002, venceu as eleições presidenciais, a opção
pelo crescimento econômico com valorização do trabalho, distribuição de renda e
respeito à soberania nacional.
O “Ponte para o Futuro” é o roteiro regressista que os golpistas tentam
impor ao país. Ele ataca as verbas com destinação social previstas pela
Constituição de 1988, diminuindo gastos com saúde e educação, entre outros,
reduz o valor dos benefícios da previdência social, destrói as leis de
recuperação do valor do salário mínimo, muda a idade para a aposentadoria,
reintroduz a privatização de empresas e serviços públicos e promove uma
abertura comercial danosa para a economia brasileira.
Foram ideias desse gênero que o presidente ilegítimo apresentou aos empresários
naquela entidade que representa o imperialismo norte-americano e defende os
interesses do grande capital internacional, desprezando as iniciativas
governamentais em defesa dos interesses populares, da economia brasileira e da
soberania nacional.
É patético e trágico o esforço do ilegítimo Michel Temer para convencer
empresários, principalmente norte-americanos, a investirem no Brasil. Garante a
eles uma legislação favorável, e que afronta os interesses brasileiros, os
trabalhadores e a soberania nacional. “Venho aqui convidá-los a participar
dessa nova fase de crescimento do país”, mendigou. E garantiu a eles que
tentará impor o teto de gastos públicos, a reforma da previdência e
trabalhista, juntamente com concessões e privatizações que o Brasil não aceita
mais.
A máscara cai a olhos vistos e o discurso de Michel Temer confirma, aos
brasileiros e ao mundo, as verdadeiras razões do golpe: pilhar os recursos do
governo e submeter a economia brasileira às imposições da ganância do grande
capital.
Leia
mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Entusiasmo
Uma campanha que combina ideias e propostas claras, consistentes e viáveis com a alegria militante nas ruas. A Brigada Jovem da Frente Popular do Recife Geraldo 40 acrescenta energia e entusiasmo. Sempre.
#RecifePraFrente #Geraldo40
Fotos: Wesley D'Almeida e outros
#RecifePraFrente #Geraldo40
Fotos: Wesley D'Almeida e outros
Presença da mulher
Os três poderes do Estado brasileiro são marcados
pela baixa presença feminina, especialmente se a análise recair sobre seus
principais cargos. Levantamento da Gênero e Número com dados da esfera federal
dos últimos 16 anos aponta o Legislativo como o mais assimétrico no recorte de
gênero. Nesse período, o Congresso teve, em média, apenas 10% de mulheres
ocupando suas cadeiras, com cerca de 8% na Câmara e 12% no Senado. Leia mais http://migre.me/v4H8Y
22 setembro 2016
Caleidoscópio partidário
Paulo Klee
Prevalece a multiplicidade de alianças
Luciano
Siqueira, no portal Vermelho e no Blog de Jamildo/portal ne10
O jornal O Globo publicou um infográfico em que exibe a
imensa multiplicidade de alianças partidárias celebradas para o pleito do
próximo dia 2.
Embora dois partidos – o PCdoB e o PT – acumulem maior
número de alianças entre si, todos os demais integram coligações das quais
participam praticamente todas as agremiações legalmente constituídas.
O PCdoB, vacinado contra a rigidez tática e o sectarismo,
atento à natureza eminentemente local do pleito, exerce o máximo de amplitude e
de flexibilidade, preservando, entretanto, em cada coligação de que participa,
sua identidade, suas convicções teóricas e suas opiniões políticas sobre a
questão nacional, respeitando as dos aliados.
A convergência se dá em torno de programas para as cidades.
É o óleo na água, como costumam dizer os comunistas: juntos,
mas não diluídos entre si, cada um no seu quadrado, plenamente identificáveis.
Mesmo o PT, que anunciou diretiva nacional proibitiva de alianças
com partidos cujos parlamentares votaram a favor do impeachment, em inúmeras
situações se fez flexível. Caso do Recife e Olinda, onde faz aliança
prioritária com o PRB, que votou fechado pelo afastamento da presidenta Dilma;
de Salgueiro, onde apóia chapa composta pelo PMDB e pelo DEM e Caruaru, onde
apoia o candidato do PSB e assim por diante.
Nada de errado. Diretrizes esquemáticas e rígidas não casam
com a realidade. A imensa diversificação política e cultural que marca a sociedade
brasileira, que impacta a fisionomia da quase totalidade dos partidos, tem seu
ápice nas eleições municipais.
Poderia ser diferente? Certamente sim – desde que uma
reforma política de sentido essencialmente democratizante, e não restritivo, viesse
a adotar o sistema de listas preordenadas pelos partidos para a disputa das
casas legislativas.
Esse dispositivo, por si mesmo, contribuiria de modo
determinante para a necessária triagem via voto popular, fazendo desaparecer
naturalmente legendas que não ultrapassam limites cartoriais.
De outra parte, a sempre reincidente proposta de adoção de cláusula
de barreira, restritiva da presença no Parlamento de partidos eventualmente
situados como minoritários, faria uma triagem impositiva, antidemocrática.
A questão vem sempre à tona no curso dos episódios eleitorais
e permanece hibernada nos interregnos.
Agora que o país atravessa período marcado pela regressão
política e institucional, vem sendo abordada em paralelo às campanhas eleitorais,
como que preparando o ambiente para mais um golpe nos processos democráticos.
De toda sorte, tão logo se encerrem as eleições municipais, às
forças do campo democrático cumpre incluir o tema na agenda da resistência.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
Golpe se aprofunda
MPF ameaça a democracia
Luís Nassif, Jornal GGN
Ontem de manhã fiz uma palestra
no encontro do Instituto Ethos sob o tema “Operação Lava-Jato: como equacionar
a relação entre desenvolvimento econômico e combate à corrupção”. Era para
contar com a participação de um membro do Ministério Público Federal (MPF).
Nenhum dos
convites foi aceito.
O
Ethos lançou uma bela carta sobre o tema (http://migre.me/v2nWL),
com um conjunto de princípios ideais, entre os quais:
·
Apoiamos o avanço da operação no âmbito dos marcos constitucionais, sem foco
partidário, vazamentos seletivos ou qualquer tipo de influência de interesses
alheios às suas metas.
·
Ela tem de ser ampla e irrestrita, devendo prosseguir enquanto houver
irregularidades a apurar, independentemente de quem atingir, esteja essa pessoa
no poder ou não.
·
Hoje, somente 5% dos condenados na Operação Lava-Jato são políticos. Sabemos
que há foro privilegiado, mas é necessário obter, de fato, progressos na
celeridade e na efetivação dos processos que envolvem a classe política.
A operação que o Ethos apoia
seguramente não é a que estamos testemunhando.
Na minha apresentação, procurei
demonstrar que essa operação ideal é improvável na conjuntura política atual.
Meu xadrez é o seguinte:
1. A nova
jurisprudência penal, a ampliação do poder de investigação do Ministério
Público Federal, inclusive com o acesso a dados internacionais, conferiu poder
enorme à corporação.
2. Não existe
superpoder que possa depender exclusivamente dos princípios éticos e valores
morais individuais de seus membros. Com a ausência de um sistema de freios e
contrapesos, a lógica do MPF será cada vez mais de tentar ampliar o espaço, até
bater no muro de um pacto entre os demais poderes.
3. A ocupação
do espaço pelo MPF passou pela parceria com a mídia e pelo apoio da classe
média ascendente, com a qual a corporação é mais identificada. O pacto se deu
em torno do combate ao inimigo comum, o PT. Sem a figura do inimigo e a prática
do direito penal do inimigo, a aliança não se sustenta.
4. O primeiro
uso da força pelo MPF foi na AP 470, que desequilibrou o jogo político do nosso
precário presidencialismo de coalizão, empurrando o governo Lula para os braços
do PMDB, usando a Petrobras como moeda de troca, conforme se conferiu na
delação do ex-senador Delcídio do Amaral.
5. O segundo
movimento foi com a Lava Jato explorando as vulnerabilidades criadas pelo
primeiro movimento, e levando à queda do governo.
Portanto, fez-se uma campanha
moralista, fundada na luta anticorrupção e o resultado final foi o
desmantelamento do sistema partidário e a entrega do comando do país ao grupo
político mais suspeito das últimas décadas, que mais cedo ou mais tarde
utilizará o poder do qual se viu revestido
para para interromper a Lava Jato e
enquadrar o MPF.
Ontem, o CNMP (Conselho Nacional
do Ministério Público) premiou a Lava Jato com destaque do ano. Prova maior de
que a miopia política não acometeu apenas os governos Lula e Dilma e o PT. É
processo generalizado.
Peça 1 – o processo judicial e a busca da verdade
Primeiro, vamos entender como
analisar um procedimento jurídico.
Meu primeiro desafio jornalístico
em temas jurídicos foi uma denúncia que fiz contra o então Consultor Geral da
República Saulo Ramos, devido a um decreto, logo após o Plano Cruzado, que
recriava a indústria de liquidação extrajudicial.
Saulo manobrava conceitos
jurídicos, que eu desconhecia.
No meio do debate, consegui uma
fonte especialíssima, um Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), que me
passou uma lição básica para me livrar do jugo do especialista:
- O processo judicial tem que
levar à justiça. Analise a realidade e veja o resultado da decisão tomada. Se
levar a um resultado injusto, ou a lei é injusta ou a interpretação dela está
errada.
Lembro essa história para nos
debruçarmos sobre os resultados dessa metodologia do MPF de colheita de provas
– explicada em um livro de Deltan Dallagnol muito elogiado - sobre a construção
das provas através do levantamento de indícios. Ele leva à verdade e, através
dela, à justiça? Ou o excesso de poder desequilibrou o jogo a tal ponto que a
lógica do acusador se impõe por si, sem poder ser retificada pelos argumentos
da defesa?
A prova do pudim consiste em
confrontar essa metodologia com os resultados alcançados. Levou à justiça, ou
foi apenas a instrumentalização do combate ao escândalo, para benefício de um
grupo político e de uma corporação? Levou ao aprimoramento das instituições ou,
pela desorganização da política, à criação de uma realidade pior?
O primeiro passo é entender a
conjuntura que levou à consolidação desse novo modelo de operar a lei.
Peça 2- a punição dos chefes das organizações
criminosas
Me deparei com essa questão pela
primeira vez na cobertura do golpe aplicado no Banco do Comércio e Indústria de
São Paulo, o Comind, ainda nos anos 80. Era voz corrente que dificilmente os
chefes de golpe seriam apanhados porque não deixavam vestígios, assinaturas,
documentos. Simplesmente davam ordens verbais. Havia um nítido desequilíbrio em
favor do crime organizado.
Com a expansão internacional do
crime organizado, com a captura de muitos Estados nacionais pelo crime, houve
mudanças também na jurisprudência sobre o tema, aceitando que um conjunto
robusto
de indícios poderia ser tratado como prova, mesmo que não houvesse as
impressões digitais do chefe no cometimento do crime.
Essa jurisprudência surgiu a
partir, principalmente, da luta contra o tráfico de droga e contra o
terrorismo. Entende-se, daí, seu caráter draconiano.
Os indícios vão da identificação
do comando hierárquico da organização, a provas testemunhais - em geral, de
pouco valor nos processos penais. Passaram a ser aceitos também outros
instrumentos jurídicos, como o da delação premiada, que veio se somar à quebra
de sigilo telefônico, fiscal e bancário.
Flexibilizou-se radicalmente o
processo de obtenção de provas. Aí o pêndulo se inverteu completamente e o
poder acabou centralizado nos acusadores. E, como tal, sujeito às suas
idiossincrasias e preferências políticas e ideológicas.
Para não incorrer em abusos, com
enorme poder recebido, havia a necessidade do chamado intérprete da lei ter
conhecimento e observância de princípios de direitos humanos aceitos
internacionalmente – entre os quais os valores democráticos e a relevância
central do voto.
Mas não apenas isso. Não existe
instituição cuja idoneidade dependa exclusivamente dos valores individuais de
cada membro. O modelo exige os chamados freios e balanços para coibir abusos.
Não é o caso do Brasil. As
corporações se apropriaram dos órgãos de controle, que passaram a responder às
demandas corporativas.
Nos tribunais de primeira
instância, as provas indiciárias se voltam preferencialmente contra os PPPs
(preto, pobre e puta). Servem para enviar “mulas” para os presídios, mas não
alcançam os chefes do tráfico.
Na área política, em muitos
países de democracia precária – como Portugal e Brasil – o modelo agregou o
quarto P, de petista ou popular. E aí, introduziu-se no processo democrático um
enorme fator de desestabilização, no qual as armas conquistadas pelo MP, pela
lógica de poder, são colocadas
a serviço de grupos políticos e ideológicos aos
quais ele se aliou estrategicamente para ampliar seu poder.
Provavelmente a maior ameaça à
democracia, hoje em dia, seja a interferência do Ministério Público e da
Justiça no jogo político. O século do Judiciário – na celebração infeliz do
Ministro Ricardo Lewandowski – de certo modo é similar às UPPs (Unidades de
Policia Pacificadora) nas favelas. A pretexto de coibir o crime, apossam-se de
todo o território e criam um poder paralelo muito mais letal.
Peça 3 – o teste da AP 470, o "mensalão"
O "mensalão" foi o
primeiro grande processo de impacto político a testar as tais provas
indiciárias. A celebérrima frase de Rosa Weber (apud Sérgio Moro) de que
"não tenho provas (contra Dirceu) mas a jurisprudência me autoriza a
condenar", celebrava o “abre-te Sésamo” do Judiciário para abrir a caverna
onde se encontravam as capas de Super Homem, os novos superpoderes que
conquistaram.
O que havia – e isso era do conhecimento
de qualquer analista político - era o pagamento de despesas de campanha dos
pequenos partidos que passaram a fazer parte da base aliada. A acusação
defendeu a tese de que havia uma mesada intermitente para garantir a aprovação
de leis de interesse do governo.
Mais
do que isso, procedeu a enormes malabarismos para casar data de pagamento com
aprovação de leis, , inclusive para parlamentares petistas, forçando relações
de causalidade inexistentes, da maneira como descrevo no “Xadrez do não temos prova,
mas temos convicção” (http://migre.me/v2mmk).
Quem acompanhava o jogo político sabia que era uma narrativa falsa. Mas passou.
A maneira como costuraram essa
narrativa era da modalidade de “enfiar argumentos na tese a marteladas”.
1. A história do suposto
desvio da Visanet, quando se sabia que o grande financiador de Marcos Valério
era o banqueiro Daniel Dantas. A razão era simples. Para caracterizar
corrupção, o dinheiro teria que ser proveniente de ente público. Tratava-se o
dinheiro de Dantas como privado; e o da Visanet como público (embora não
fosse), devido à participação do Banco do Brasil no capital da empresa. Sem a Visanet,
portanto, a tese da PGR não se sustentaria. Não só trataram a Visanet como
empresa pública, não sendo, como denunciaram um desvio que jamais houve,
ignorando laudos de auditorias e da própria Polícia Federal.
2. A história da ida de
políticos do PTB a Portugal com Marcos Valério negociar com a Portugal Telecom
a venda da Telemig. Atribuíam ao PT. Eu tinha informações seguríssimas -
inclusive após conversas com executivos da Portugal Telecom -, que a ida foi
bancada por Daniel Dantas, que ainda mantinha o controle da Telemig e para quem
Valério trabalhava.
3. A
inclusão de José Genoíno no inquérito. O alvo era José Dirceu, então
Ministro-Chefe da Casa Civil, já que o inquérito nasceu das denúncias de
Roberto Jefferson. Mas como pegar Dirceu sem envolver o presidente do PT, José
Genoíno? Havia a necessidade desse elo na corrente (http://migre.me/v2smK).
A primeira e a segunda questão
beneficiaram diretamente Daniel Dantas.
Como foi possível que um erro
desse tamanho passasse pelo filtro da Procuradoria Geral da República, com a AP
470 sendo analisada por diversos procuradores, depois pelo relator, Ministro
Joaquim Barbosa e, finalmente, pelo pleno do STF?
Mas passou.
Havia indícios de corrupção na
decisão de Antônio Fernando de poupar Daniel Dantas (logo depois aposentou-se e
seu escritório ganhou enorme contrato da Brasil Telecom, controlada por
Dantas). Mas seria impossível, mesmo para alguém do alto do cargo de PGR, impor
uma tese dessas a todo uma equipe, se não houvesse outros ingredientes no jogo.
O endosso às teses de Antônio
Fernando foi fruto da grande celebração do MPF, ante a possibilidade de usar
pela primeira vez os superpoderes e balançar a República, a possibilidade de
impor a narrativa que quisesse, desde que escudada em campanhas massacrantes de
mídia. Foi um porre geral. E a mítica da narrativa exigia que se concentrasse
no PT todas as acusações de corrupção, transformado na fonte de toda a
corrupção. É por ali que se consolidaria a aliança com a mídia e a
identificação com os anseios da classe média.
A parceria do MPF com a mídia
esvaziou a CPMI de Cachoeira – que estava prestes a convocar Roberto Civita, da
Abril. No mesmo período, o processo sobre o “mensalão do PSDB” foi interrompido
da maneira mais canhestra possível. O Ministro Ayres Britto deveria relatá-lo
em uma sessão do STF. Houve o intervalo, ele saiu para o café, voltou e passou
por cima da pauta. Simples, assim, sem nenhuma cobrança da parte acusadora --
justamente o Ministério Público Federal.
Uma das regras básicas do
presidencialismo de coalizão é que, quanto mais fraco o governo, maiores as
concessões à fisiologia. Ocorreu com o governo FHC, após a maxidesvalorização
de 1999; e com o governo Lula, devido à AP 470.
O resultado dessa primeira
intervenção do MPF no jogo político foi o seguinte:
1. O abandono da estratégia de
Lula de montar uma base com os pequenos partidos e o fechamento do acordo com o
PMDB.
2. Com o risco concreto de
impeachment, uma dependência cada vez maior do PMDB.
3. Uma arquitetura política que
só se sustentaria com economia em crescimento.
O sucesso da economia nos anos
seguintes inibiu por algum tempo sua atuação. E a razia promovida pela AP 470
nas lideranças petistas históricas, deixou o partido sem nenhuma capacidade de
formulação estratégica.
A última trégua, antes do embate
final, foi desperdiçada por Lula, embalado pelos feitos que o deixaram na
posição de internacionalmente mais celebrado presidente brasileiro da história.
Dormiu em berço esplêndido.
Acordou quando a serpente já dera o bote final.
Peça 4 – os desdobramentos da Lava Jato
É evidente que há problemas
estruturais nesse presidencialismo de coalizão e circunstâncias políticas
que
levaram os partidos aliados e o próprio PT a se lambuzarem. É evidente também
que se desperdiçou o momento de enorme popularidade de Lula para se proceder a
uma reforma política radical. Não adianta: apenas os problemas que afetam o dia
a dia merecem prioridade.
No entanto, em vez de um trabalho
isento contra a corrupção, o que se viu da parte do MPF foi uma ação seletiva,
com nítido propósito partidário, de consolidação do poder corporação, e uma
perseguição implacável a Lula, ao mesmo tempo que se blindavam as principais
lideranças da oposição.
Nesse período, a publicidade
opressiva alimentada pelo MPF, ajudou a fomentar movimentos de manada
instituindo um clima de vale-tudo no país, exacerbando o que de pior existe no
imaginário popular: violência, preconceito, caça às bruxas, queda da autoestima
nacional.
Os resultados estão aí:
1.
Insegurança jurídica, com a entrada em um período de exceção, na qual nenhuma
pessoa que se oponha à Lava Jato ou ao novo governo pode se considerar
juridicamente segura.
2.
Insegurança jurídica nos negócios, à medida que qualquer procurador
idiossincrático poderá invocar como suspeitos até financiamentos do BNDES.
Perdeu-se o referencial, a divisória entre operações legais e as criminosas.
3.
Insegurança política para qualquer governador, já que as tais provas
indiciárias podem tentar casar qualquer ato de governo com contribuições de
campanha.
4.
Insegurança física, com o país rachado em dois e a montagem de um sistema de
repressão, e um liberou geral para as Polícias Militares. Em São Paulo há
notícias da P2 (o serviço secreto da PM) monitorando jovens secundaristas que
participaram da ocupação das escolas estaduais no ano passado. A tentativa da
PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão) de monitorar a PM foi
rechaçada pelo Ministério Público de São Paulo e pelo Ministro da Justiça sem
um posicionamento sequer do PGR em defesa da sua Procuradoria.
5.
Insegurança política, com enorme leque de possibilidades, fruto dos arreglos
políticos e dos interesses dos grupos que se apoderaram do poder, nenhum dos
quais contemplando eleições diretas. E o país entregue a uma camarilha de
políticos suspeitos, com o fim da bazófia do Procurador Geral da República
(PGR) de avançar sobre as lideranças políticas que assumiram o poder, deixando-as
à vontade para o exercício do arbítrio e dos negócios.
6.
Insegurança social, com a perspectiva de retrocessos em todas as áreas,
especialmente saúde e educação, pela imposição dos tais tetos nominais de
despesa, tudo feito ao largo do voto popular.
7. Queima
de ativos nacionais, com a venda de empresas e reservas petrolíferas na bacia
das almas.
8.
Desmontagem de setores inteiros da economia
9.
Consolidação da ideia de parcialidade do MPF, com as manobras sucessivas para
invalidar o depoimento de Léo Pinheiro e livrar Aécio Neves e José Serra.
O MPF importou a tese da
supremacia das provas indiciárias e está aplicando. E vai exportar um caso que
será analisado por todos os centros especializados no estudo do crime
organizado: as vulnerabilidades da tese e o risco que trouxe para a
estabilidade democrática em países de democracia não consolidada, como é o caso
do Brasil.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
Reforma
Na reta final das campanhas municipais deste ano, o
debate sobre o modelo de financiamento voltou a ganhar força. Isso porque a
partir deste ano, políticos não podem mais receber doações de empresas e a
arrecadação para financiar das despesas do pleito fica por conta apenas do
fundo partidário e das doações de pessoas físicas. E elas ficaram abaixo do
esperado. Leia mais http://migre.me/v2IbQ
Guerreira
Luciana eu acompanho desde os primeiros passos em sua militância no movimento estudantil. Sempre serena, bem humorada e ao mesmo tempo firme e determinada. Combina convicção e habilidade, coragem e leveza. Agora no pleito em Olinda é duramente atacada por adversários, que substituem proposições concretas e viáveis pela retórica inconsistente e agressiva. Mas nada atinge Luciana, que segue em frente numa relação direta com o povo da cidade pautada pela sinceridade e pelo compromisso com mudanças reais. Uma verdadeira relação de amor com o povo, que a chama carinhosamente "Lu". Estamos juntos.
#VoltaLuciana
#ÉLu65
#VoltaLuciana
#ÉLu65
21 setembro 2016
Lula resiste
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou,
nesta terça (20), que o juiz Sergio Moro acolheu a denúncia contra ele, mesmo
se tratando de “uma farsa”, “uma grande mentira”. Lula disse ainda que está
indignado, mas acredita na Justiça e seguirá lutando. A declaração foi
transmitida por videoconferência para um evento organizado em Nova York pela
Confederação Sindical Internacional em sua defesa. “Fiquei sabendo
agora que o juiz Moro aceitou a denúncia contra mim, mesmo a denúncia
sendo uma farsa, uma grande mentira, um grande show de pirotecnia nesse país.
De qualquer forma, como eu acredito na Justiça, tenho bons advogados, vamos
brigar para ver o que dá. A verdade é essa: vamos continuar lutando para que
Brasil conquiste a democracia e que o povo brasileiro volte a ter orgulho de
ser brasileiro, porque nós somos brasileiros e não desistimos nunca”, disse
Lula.O ex-presidente chamou os autores da denúncia – criticada pela ausência
de provas – de irresponsáveis. Leia mais http://migre.me/v2k9d
20 setembro 2016
Manipulação e resistência
Enquanto isso,
a regressão avança
a regressão avança
Luciano Siqueira,
no Blog da Folha
Um imenso país de mais de 200 milhões de viventes. Como é
possível determinar a que conteúdos pode ter acesso essa imensa população, e a
que não deve ter acesso?
O sistema de comunicação de massas é a chave.
Redes de TV monopolizadas e conectadas com as de mais mídias
– jornais, revistas semanais, sites e blogs, fan pages... – constituem, como já
se tem dito tantas vezes, o aparelho formador de um pensamento único na
sociedade brasileira.
Claro que, redes sociais e blogs independentes, em certa
medida, possibilitam uma válvula de escape.
Mas a batalha é infinitamente desigual.
Daí a possibilidade de uma extraordinária manipulação da
atenção das pessoas. Uma versão reacionária da guerra de guerrilhas: fazer
barulho no norte e atacar no sul.
Na pauta, o que os senhores do “mercado” e da mídia determinam:
a morte de um ator famoso, o casamento de um monarca europeu, os maus ventos da
economia, a violência criminal, a corrupção (comprovada ou não) e quejandos.
Enquanto isso, nos gabinetes de Brasília, da Avenida
Paulista e de Wall Street se urde a trama da regressão do Brasil às políticas
neoliberais.
Quase à sorrelfa – porque o noticiário não esclarece - as reformas
previdenciária e trabalhista, o pacote de privatizações oferecido por Temer e
seu grupo aos investidores internacionais, a preservação da política de juros
altos em beneficio do rentismo dão, dentre muitas outras iniciativas, a marca
da perversidade de políticas destinadas a enfraquecer a soberania do país e aprofundar
as desigualdades sociais.
Programas sociais que aliviam a miséria e impulsionam a
microeconomia são agora vistos com violões do desequilíbrio das contas
públicas.
Tudo em favor do grande capital financeiro – e em prejuízo
da maioria da população, que vive do seu trabalho ou se encontra em situação de
vulnerabilidade.
E a população se mantém em sua maioria perplexa, descrente e
distante da política. Desperta agora, estimulada pela TV e pelo rádio, para o
fato eleitoral de outubro. Mas ainda um tanto equidistante.
Também aí o complexo midiático, ao elevar à enésima potência
a visibilidade de fatos negativos, faz o seu estrago.
É possível que aumente consideravelmente os percentuais de
abstenção, votos nulos e brancos.
De tal modo que, sob a avalanche regressiva e pessimista do
momento, cumpre combinar a resistência ao governo usurpador de Temer com o
esforço real de alcançar resultados positivos para as forças democráticas e
populares em 2 de outubro.
Nos meses que se seguirão, o desenho da luta política e social
estará mais nítido. E uma nova fase da vida do país plenamente instalada,
marcada pela instabilidade e pelo conflito nas mais diversas esferas da
sociedade.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
19 setembro 2016
Regressão
FMI volta à Argentina
Depois de 10
anos, uma missão do FMI volta a trabalhar hoje [segunda-feira (19)] na
Argentina, auditando as contas do país. O grupo se reunirá com funcionários do
governo, com economistas, com banqueiros, para elaborar seu diagnóstico sobre a
economia argentina.
Por Emir Sader, Brasil 247
Em base a esse diagnostico, recomendarão as receitas do FMI, que a
Argentina já conhece, porque foram as que levaram o pais à pior crise da sua
historia, em 2001-2002. Para tentar acalmar os ânimos, o Ministério da Fazenda
argentino disse que as recomendações não são obrigatórias, mas sabe-se que são
condições indispensáveis para que a Argentina receba os empréstimos que voltou
a pedir ao FMI. Se trata das tristemente famosas “Cartas de intenção”, cujos
termos serão levados pela diretora geral do Fundo, Christine Lagard ao
diretório executivo do FMI.
A Argentina havia terminado com essas auditorias em 2006, quando o então
presidente Nestor Kirchner pagou em efetivo a divida restante de quase 10
bilhões de dólares, na busca de autonomia para definir as políticas econômicas
de seu país. Seu governo havia recebido uma dívida monstruosa da política de
paridade da moeda argentina com o dólar, que vinha do governo de Carlos Menem e
havia sido mantida por Fernando de La Rúa, até que essa política explodiu na
pior crise da historia argentina.
Nestor Kirchner conseguiu renegociar a dívida, oferendo cerca de 25% do
valor dos papéis, 93% dos credores aceitaram e a Argentina pôde assim redefinir
os termos da dívida e pagá-la. Porém, já no segundo governo de Cristina
Kirchner, um juiz norte-americano processou a Argentina, tratando-a de impedir
que seguissem pagando aos 93%, caso não pagasse, na sua totalidade, a dívida
com os 7% restantes. O Judiciário dos EUA deu ganho de causa a esse núcleo
minoritário, que usualmente deveria estar obrigado a aceitar os termos que a
grande maioria dos credores havia aceito. Uma cláusula da renegociação impedia
que o governo argentino pagasse aos que não haviam aceito os termos da redução,
caso contrário teria que pagar esse montante à totalidade dos credores.
Macri herda o impasse e não vacila: desembolsa a totalidade do que a
Argentina deve, em condições ainda piores para o país do que a decisão do juiz
norte-americano. Com o que, à falta de divisas para esse pagamento, a Argentina
pede novo empréstimo para o FMI e recomeça o espiral de endividamento da qual o
país havia conseguido sair com os governos dos Kirchner.
A nova missão publicará suas conclusões, uma vez aprovadas pela
diretoria do FMI e se transformarão em condição para que os novos empréstimos,
a juros altos, sejam liberados para a Argentina, de novo cliente do Fundo. A
partir dessa liberação e da submissão da Carta de Intenção do FMI, o pais
passará a receber regularmente a visita de missões do Fundo, que controlarão se
os duros termos do ajuste fiscal estão sendo colocados em prática, como
condição para que as parcelas seguintes do empréstimos sejam liberadas.
De fato, a política do FMI orienta já, desde os primeiros dias, o
governo de Mauricio Macri. Porém, o governo tropeçou no Judiciário em uma de
suas decisões mais polêmicas: a do término dos subsídios ao consumo do gás,
ponto que certamente será um tema central da Carta do FMI, que rechaça sempre
subsídios estatais, especialmente para o consumo da população.
Os empréstimos do FMI serão assim mais um freio a uma economia em forte
processo recessivo, desde a posse de Macri, com elevação acelerada do
desemprego e de perda do poder aquisitivo dos salários. Nos anos 1980 e 1990 se
falara do “efeito Orloff”, para afirmar que “nós somos vocês amanhã”, quase como
um destino comum obrigatório para todos os governos que se submetem ao FMI. As
políticas do governo Temer caminham na mesma direção. O Brasil que conseguiu
sair do endividamento com o FMI e do próprio Mapa da Fome, corre agora o grave
risco de voltar à mesma ressaca interminável dos empréstimos cada vez mais
caros e com preços econômicos e sociais cada vez mais pesados para nossas
economias, que a submissão ao FMI implica.
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Ascensão
A verdade é a melhor opção
Luciano Siqueira, no Facebook
Em quase 3h, na manhã do último
sábado, numa mini carreata na populosa região do Ibura, o que mais me
impressionou na entusiasta receptividade das pessoas que nos saudavam e vinham
até a camioneta abraçar Geraldo, foi a repetida expressão "você vai ganhar!"
Um clima típico de última semana de campanha - e ainda temos
muito chão pela frente.
Sentimento semelhante recolhemos ontem na Praça de Casa Forte.
As críticas cáusticas dos demais concorrentes parecem não
"pegar" no prefeito.
Contribuem para isso a intensa exposição do conjunto da obra de
governo através da TV, do rádio e das redes sociais, combinada com a atividade
da brigada de voluntários, que vai de porta em porta, e com a campanha de
candidatos a vereador da Frente Popular.
Porém o decisivo tem sido a palavra sincera e verdadeira do
próprio prefeito.
Na TV, no rádio e nas redes; nos encontros e discursos, Geraldo
sempre reconhece os problemas acumulados na cidade, ainda não solucionados, e
ao mesmo tempo mostra o que foi feito e, sobretudo, o que precisa e pode ser
feito.
Sem espaço para pirotecnia, nem agressão aos adversários e muito
menos concessões à intolerância.
A expressão "você vai ganhar" é, assim, a reafirmação
do sentimento de confiança da maioria do eleitorado.
Daí a perspectiva real de vitória.
Foto: Wesley
D'Almeida II
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Golpe em andamento
Governo Temer reinaugura macarthismo contra jornalistas
Kátia Guimarães, no Brasil 247
Kátia Guimarães, que relata ter sido demitida da diretoria da NBR e da Voz
do Brasil, na EBC, "logo depois da primeira etapa do golpe contra a
presidenta Dilma", conta o cenário dentro da empresa depois que Laerte
Rimoli, ex-assessor de Eduardo Cunha, assumiu a presidência e lamenta
"pelo cidadão brasileiro que continuará alienado e perde mais um direito
constitucional, do acesso à informação limpa, e continuará à mercê da mídia
manipuladora que nos enoja diariamente"; para ela, "esse governo
reinaugurou o macarthismo, a perseguição a jornalistas"
Logo depois da primeira etapa do golpe contra a
presidenta Dilma, fui demitida da diretoria da NBR e Voz do Brasil na EBC. Voltei
pra a empresa dias depois convidada pelo grande jornalista e amigo Ricardo Melo
para participar da resistência em defesa da comunicação pública e da EBC.
Durante todo esse processo fomos constrangidos e
boicotados (alguns episódios foram tão absurdos que não devo relatar aqui) por
golpistas que aparelharam a EBC - sim quem ocupou a empresa com pseudo
jornalistas e profissionais que se diziam concursados, mas na verdade entraram
no trem da alegria da velha Radiobrás, foi esse governo golpista - para
destruir a comunicação pública e usá-la em defesa de um governo ilegítimo.
Por uma decisão questionável juridicamente ficamos
sabendo que o presidente escolhido por temer, ex-assessor de Eduardo Cunha e
que tocou o terror na comunicação da câmara dos deputados, voltaria a tomar
posse.
Ontem pela manhã, as nossas demissões começaram a
ser publicadas na internet. Fomos enxotados. Chegou o aviso pra sair
rapidamente porque a nova direção não queria nos ver ali quando o novo
presidente chegaria para a posse.
Esse é o parâmetro de comportamento de um governo
que tramou o golpe em reuniões secretas com corruptos do congresso e o próprio
usurpador que tomou de assalto o planalto. Não preciso aqui falar da
competência de Ricardo, conhecida em várias redações. Mas faço questão de dizer
aqui que o jornalismo da TV Brasil hoje é deplorável, o "arroz com
feijão" como foi dito em alto e bom som logo que a empresa foi tomada. Lamento
pela EBC, por seus profissionais - sim ali encontrei pessoas, de caráter e
comprometidas, e fiz grandes amizades. Lamento pela comunicação pública
brasileira (que nasceu no governo do PT pelas mãos da grande guerreira Tereza Cruvinel
e ainda caminhava em busca de amadurecimento).
Lamento pelo cidadão brasileiro que continuará
alienado e perde mais um direito constitucional, do acesso à informação limpa,
e continuará à mercê da mídia manipuladora que nos enoja diariamente.
Esse governo reinaugurou o macarthismo, a
perseguição a jornalistas
essa é apenas mais uma das histórias nada republicanas que acontecem todos os dias na esplanada ocupada.
essa é apenas mais uma das histórias nada republicanas que acontecem todos os dias na esplanada ocupada.
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