19 outubro 2016

Uma questão relevante

Variações táticas na disputa eleitoral
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Estratégia e tática são conceitos que a política toma de empréstimo à teoria militar. E os aplica bem ou mal, conforme a competência e a sagacidade dos que comandam as operações no campo de batalha.
É possível dizer que a tática é a execução da estratégia no horizonte visível da luta. Ou seja, o que se faz de imediato há que guardar consonância com o que se pretende em médio e longo prazo. Na presente batalha e em batalhas futuras.
Daí a escolha do alvo principal do ataque emergir como a expressão concentrada da tática adotada.
Parece uma mera divagação, mas não é.
O comentário cabe, ainda que em tese, em meio à atual disputa eleitoral, que ainda deverá se consumar em quase cem cidades país afora, em segundo turno.
Quem aprecia o assunto e se faz atento às movimentações dos contendores, percebe as táticas empregadas e suas variações, conforme o evolver da disputa.
Quem enfrenta uma correlação de forças adversa e se vê quase que inexoravelmente derrotado, tende a experimentar alternativas táticas diversas, às vezes até em desacordo com a estratégia inicialmente concebida, que ao final e ao cabo mostram-se insatisfatórias.
Basta ver o que candidatos dizem em sucessivas entrevistas concedidas no curso da campanha. Frequentemente se constata escolha errada do alvo do ataque. Parecido com uma criança pequena que, tomada de raiva porque contrariada em seus desejos, agride a todos indiscriminadamente. Esperneia e bate no irmão, na irmã, no pai, na mãe, no amigo...
O fato é que certas postulações já começam congenitamente derrotadas, pois o ponto de partida de uma candidatura majoritária é estar bem posicionada politicamente.
Ao longo da minha militância, provei das duas experiências: a vitória e a derrota. E nunca vi se começar errado e concertar o erro adiante e vencer.
Nesse caso, vale o adágio popular “pau que nasce torto, morre torto”. Começou errado, termina errado. E perde – salvo se o adversário errar mais ainda, o que não é comum.
De outra parte, também vale a assertiva própria dos comentaristas esportivos: “em time que está ganhando, não se mexe”.
Dito de outro modo: uma tática que está dando certo, não se altera.
Todo cuidado é pouco.
Faz parte da literatura política o exemplo do então governador Cristovam Buarque, de Brasília, em sua campanha para a reeleição. Enfrentava um oponente muito menos preparado, ainda que tarimbado na rinha política, Joaquim Roriz.
Cristovam deu um passo em falso – desdenhou do adversário em debate na TV, acusando-o de não saber se expressar corretamente e cometer erros gramaticais e de concordância.
A reação da maioria do eleitorado foi péssima para o professor universitário de linguagem escorreita: o povão, como se diz, se identificou com o menos letrado, que venceu o pleito.

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