Golpismo estelionatário
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
“Estelionato eleitoral” é uma expressão comum a oposicionistas
quando cobram de um governo promessas não cumpridas.
Bem que podemos cunhar agora a expressão “golpismo
estelionatário” para vincar a contradição entre o discurso (falacioso) dos que
promoveram o impeachment (sem crime de responsabilidade) da então presidenta
Dilma em nome da recuperação da economia.
Para quem tinha dúvidas ou acreditou ingenuamente, os fatos
se sucedem à soberba, diariamente, demonstrando o contrário.
Em seis meses, o Brasil vem se tornando mais pobre, mais
injusto, mais desacreditado.
E na primeira
reunião, ontem, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, presidida
pelo vampiresco Temer, o ministro Henrique Meirelles foi mais do que claro,
escandalosamente claro.
Tendo como
foco de sua intervenção a defesa da PEC 241/55, a dos gastos públicos, não teve
pejo em exibir o ponto de vista do “mercado”: “Nenhum
governo de 94 para cá reduziu as despesas primárias em relação ao PIB. A porta
ficou aberta para a expansão do gasto público. Não há, portanto, evidência de
que os projetos de ajuste fiscal tenham funcionado. De 2007 a 2015, o
crescimento das despesas primárias do governo central foi de 53%, o triplo da
expansão do PIB no período, de 18%. O principal motivo desse crescimento são
aumento dos gastos de previdência, assistência social e transferência de
renda”, afirmou.
Absolutamente falso. Na verdade, salvo nos dois últimos anos (2014 e 2015), desde 2003 os
governos fizeram superávit no orçamento primário. Ou seja, sempre gastaram
menos do que arrecadaram.
Mais: o
ministro ex-presidente do Banco de Boston, sem a menor desfaçatez, excluiu do
seu raciocínio a sangria permanente de recursos da União para os bancos, somas
astronômicas decorrentes da dívida pública dimensionada a juros
estratosféricos!
Isto significa,
de 2003 até hoje, uma transferência de R$ 3 trilhões (em valores atualizados).
Meirelles, ao
falar ao Conselho agora remodelado justamente para assegurar larga maioria
comprometida com a Avenida Paulista e Wall Street, simplesmente foi de uma
clareza cristalina: o golpe, vai ficando cada vez mais claro, deu-se para interromper
as transformações que se operavam no País desde 2003 rumo a um novo projeto
nacional de desenvolvimento.
Veio para
interditar o crescimento com inclusão social. Para desmontar conquistas e
retroagir em direitos.
E reintegrar
plenamente a economia brasileira ao figurino neoliberal urdido de fora, pelos
senhores da banca internacional.
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