Golpe fatiado
Luciano Siqueira, no Facebook e no Blog da Folha
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O golpe segue — cumprindo cada
etapa quase que com precisão cirúrgica.
Primeiro, tratava-se de afastar a
presidenta Dilma definitivamente e interromper as transformações que se
operavam no país desde 2003, quando se iniciou o primeiro governo Lula.
Uma vez ocupado o governo central
por Michel Temer e sua corja, iniciou-se a segunda fase: o ajuste fiscal
rigoroso, recessivo e prejudicial à grande maioria da população; e acelerar o
desmonte das políticas públicas, conquistas sociais e direitos, ao modelo
neoliberal praticado na Zona do Euro, sob o comando do grande capital financeiro
internacional.
É o que está em andamento, porém
de modo atabalhoado, proporcional à incompetência e ao desmantelo de Temer e
seu grupo. Soma-se a desqualificação do grupo palaciano, tipicamente mergulhado
no que há de pior na política.
Em seis meses, um número recorde
de ministros caiu - seis - por questões éticas.
Agora, desenha-se uma nova fase,
que consiste em empurrar Temer ao fundo do poço e a partir do início do ano que
vem, quem sabe, afastá-lo também do poder, gerando as condições para uma eleição
indireta via Congresso Nacional — vale dizer, escolher um tucano presidente da
República com a tarefa de fazer todo o trabalho necessário para que em 2018
possa se eleger novamente um tucano.
Certamente está aí a explicação
da abordagem da Rede Globo e outros gigantes da grande mídia nitidamente
desfavorável a Temer e as insinuações de Fernando Henrique Cardoso, que parece
se apresentar para um hipotético mandato tampão de dois anos.
Desenhado o esquema, nada indica que as coisas acontecerão pacificamente. Contradições e conflitos de interesses marcarão o processo nas hostes governistas. Nem o PMDB entregará de graça o poder conquistado por via transversa, nem o baixo clero da Câmara e do Senado venderá por pouco seus votos numa eleição indireta.
Desenhado o esquema, nada indica que as coisas acontecerão pacificamente. Contradições e conflitos de interesses marcarão o processo nas hostes governistas. Nem o PMDB entregará de graça o poder conquistado por via transversa, nem o baixo clero da Câmara e do Senado venderá por pouco seus votos numa eleição indireta.
Às oposições cabe intensificar a
resistência e cuidar de uma ampla articulação de caráter frentista em torno de
uma agenda de luta contra o retrocesso e em favor do desenvolvimento com
inclusão social. E defender eleições diretas para presidente, no desdobramento
de uma possível queda de Temer, como alternativa democrática de enfrentamento
da crise.
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