Centro pendular desafia Temer
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo
O centro político— aquelas correntes relativamente distantes tanto da esquerda com o da direita - é oscilante em qualquer parte do mundo.
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo
O centro político— aquelas correntes relativamente distantes tanto da esquerda com o da direita - é oscilante em qualquer parte do mundo.
No
Brasil não é diferente. Nossa particularidade pode ser a velocidade com que o
centro realiza seus movimentos pendulares, na proporção direta da crônica
instabilidade política institucional que nos caracteriza e conforme a correlação
de forças em cada momento.
Foi
porque teve a capacidade de atrair o centro que Lula se elegeu duas vezes
presidente da República e Dilma, idem.
Igualmente,
mercê de muitos erros táticos, Dilma iniciou sua derrocada quando o centro se
deslocou para direita e encampou a proposta do impeachment.
Ontem,
por larga maioria de 296 votos favoráveis e 12 contra, a Câmara dos Deputados
aprovou projeto de lei do Executivo que estabelece o alongamento da dívida dos
estados para com a União por 20 anos e a suspensão do pagamento das parcelas
vencidas até o final deste ano, com retomada gradativa a partir de 2017.
Com um
detalhe: escoimando do projeto o conjunto das exigências nele contidas por
imposição do Ministério da Fazenda, todas sintonizadas com o pesado ajuste
fiscal de conteúdo neoliberal que Temer tenta realizar.
Do
ponto de vista político, uma tremenda derrota do governo — com um detalhe
significativo, a substancial mudança de humores do chamado "centrão"
que é parte decisiva da base de sustentação do governo.
Uma vitória
dos governadores, que orientaram deputados dos seus estados nessa direção.
Sem
dúvida, um sinal de deterioração das condições políticas congenitamente
precárias do governo Temer.
E um vivo
fator de incremento da instabilidade.
Ao
mesmo tempo um aviso ao setor econômico do governo de que os deputados em sua
maioria certamente não estarão dispostos a encarar o desgaste da aprovação do
pacote de maldades advindo do Palácio do Planalto.
Diante
do fato, dois desafios: para o próprio governo Temer, o de restabelecer suas
relações harmônicas (e promíscuas) com a sua base fisiológica, sob pena de não
governar; para oposição, a chance de explorar as contradições nas hostes
governistas e ganhar terreno numa correlação de forças temporariamente muito
adversa.
Agora, os deputados e senadores terão o interregno do Natal
e do réveillon para visitarem suas bases e provavelmente retornarão em 2017 em
algum grau influenciados pelo mau humor da população em relação ao caráter
regressivo de conquistas e direitos das medidas adotadas pelo governo Temer.
Em que isso dará, veremos.
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