30 dezembro 2016

Superação necessária

Laerte/CartaCapital
O ano que precisa terminar
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Esse capricho de calendário - como diz o poeta Drummond - que nos faz celebrar o advento de um Ano Novo de doze em doze meses é sempre um misto de saudade e otimismo, frustração e esperança. 

Depende das vivências e do olhar de cada um - ou da experiência coletiva do povo.

Em termos coletivos, no transcurso de nossa História, tivemos passagens de ano marcadas pela frustração e pela tristeza, somadas a um horizonte sombrio - como no período recente da ditadura militar.

Ou marcadas por um duplo sentimento de saudade do ano que passou e de novas expectativas alvissareiras, durante os doze anos de continuado crescimento econômico e de inserção social nos governos Lula e Dilma.

Depois, com a má condução da economia e repetidos erros políticos e, por fim, às incertezas e derrocada do segundo governo Dilma, uma passagem de ano matizada pela angústia.

Hoje, pós-impeachment e sob o governo ilegítimo e desvairado de Temer, o que toca ao espírito dos brasileiros e brasileiras é a exasperante vontade de que 2016 se encerre, de fato e plenamente, à meia noite de 31 de dezembro.

Um ano horroroso para os que perderam a batalha da democracia e amargaram o golpe parlamentar-judiciário-midiático. Para os que têm plena consciência disso e os que começam a ter consciência agora; e para os que foram às ruas defender o impeachment iludidos com as promessas dos golpistas, que agora percebem não estão sendo nem serão cumpridas.

O Brasil encerra 2016 num ambiente de frustração geral. E não vislumbra ainda um horizonte de superação da crise multifacetada - econômica, financeira, política, institucional e, sobretudo, de credibilidade.

Analistas de variadas tendências convergem na afirmação patética de que 2016 prosseguirá engolindo 2017, com tudo de negativo e frustrante que acumula. 

Será? Sim, se nada de novo acontecer - sobretudo uma solução política para a crise.

Ou teremos sim, para além do capricho de calendário a que se  refere o poeta, um novo tempo de superação das dificuldades e mazelas - se um amplo movimento de restauração da democracia via eleições presidenciais diretas vingar, associado à definição de novos rumos para o país.
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