Aldeia global
Eduardo Bomfim, no portal
Vermelho
A revolução tecnológica aproximou as pessoas de tal maneira que os indivíduos percebem que o mundo ficou mais próximo. É como se houvesse sido realizada a profecia de Marshall McLuhan, guru da comunicação dos anos sessenta que vislumbrou o planeta como uma grande aldeia global.
O interessante é que seus adeptos eram, na época, rebeldes contra o
sistema, desejavam mudar as sociedades. Talvez não fosse isso que o “profeta”
queria dizer com suas ideias e palestras que reuniam multidões.
De fato a sua profecia aconteceu mas não no espírito que hoje nos
pretendem vender, porque essa comunidade planetária de cidadãos encontra-se a
serviço de uma acumulação financeira jamais vista na História da humanidade.
Primeiro porque essa tal de “aldeia global” não é de cidadãos livres com
iguais direitos e deveres. Há uma efetiva hegemonia, mantida a ferro e fogo,
especialmente por um império, imposta de todas as formas imagináveis a
determinar o que é politicamente correto aos povos do mundo.
A ONG inglesa Oxfam diz que 1% de mega-bilionários detêm 99% da fortuna
mundial, uma acumulação da riqueza inédita. Em resumo, da aldeia global
gestou-se a globalização não da cidadania mas do capital financeiro, a ditadura
feroz do Mercado rentista.
Umbilicalmente associada ao rentismo encontra-se a grande mídia-empresa
global, cuja função essencial é o domínio absoluto do discurso sobre os fatos e
acontecimentos, desprovida do papel da informação, mesmo que parcial ou de
grupos. Cabe a ela declarar diuturnamente a morte das ideologias, com exceção
de uma: a ideologia do grande capital, do Mercado financeiro.
Assim, por todos os cantos é o Mercado quem promove os golpes e as
“primaveras coloridas” contra as nações que por desejo de autodeterminação
pretendem constituir seus próprios caminhos como é o caso do Brasil.
Trata-se de uma governança mundial sob a guarda pretoriana dos EUA,
agora em pânico com a eleição presidencial de um bilionário “outsider”, não
indicado por Wall Street, totalmente imprevisível.
O ex-presidente dos EUA Franklin Roosevelt afirmava: “ser governado pelo
dinheiro organizado é igual ou pior do que ser governado pelo crime
organizado”. Mas o mundo vive tempos de resistência e transformações a olhos
vistos. O Brasil precisa encontrar seu rumo nesse novo cenário global.
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