A política
como mediadora de conflitos
Nilson Vellazquez, no blog Verbalize
Nas análises
mais recentes sobre os efeitos da crise mundial do capitalismo, uma das
consequências mais debatidas e que tem sido provocadora de uma grande
desesperança em torno das esquerdas no mundo é a questão da criminalização da
política ou que chamamos de caminho fora da política.
O efeito
devastador das crises, hoje e ontem, provoca o já conhecido abandono às saídas
políticas. Foi assim no período da crise de 29, geradora em último grau da
Segunda Guerra Mundial, e tem sido assim no momento atual, com a ascensão de
figuras cuja principal "qualidade" é a de não ser político. Nos
Estados Unidos da América, a eleição de Trump simbolizou bem o que isso
significa e por aqui a eleição de João Dória como prefeito da maior cidade
brasileira e a tentativa de despontar no cenário de nomes como Luciano Huck e
Roberto Justus são provas maiores dessas questões.
O que não
podemos esquecer é que em períodos de crise soluções "novas" são apresentadas.
As aspas se justificam, pois sabemos que nem tão novas são essas soluções. São
roupas novas, falares diferentes mais uma mesma política, cujo vértice está na
dominação de classe, na resistência do império ao seu declínio relativo e à
possibilidade de um mundo multipolar, e na tentativa do capital de não reduzir
sua taxa de lucro. Para isso, vale-se de qualquer expediente.
No Brasil, as
soluções "novas" e a negação da política é motivada ainda mais pela
operação Lava-Jato, que cada vez mais tem colocado o país ainda mais
polarizado, entre o partido da Lava Jato (composto pelo consórcio golpista,
mídia, setores do judiciário e do ministério público, além dos partidos de
direita) e o partido da política. Essa tem sido, portanto, a contradição principal
do Brasil atual.
Não há segredo.
O destino de uma operação como a Lava-Jato -com as características que ela já
demonstrou ter e com os crimes de lesa-pátria que já cometeu ao destruir as
empresas de engenharia pesada e ao destruir mais de 600 mil vagas de emprego só
neste setor - é levar ao poder soluções fascistas, tal qual o juiz que conduz a
operação.
No entanto,
sobre o termo política paira sempre uma confusão. Nesse sentido, é óbvia a
compreensão de que tudo o que a classe dominante faz para a sobrevivência dela
enquanto classe dominante é política - política no sentido de como realizar
medidas ideológicas, políticas e econômicas a favor de uma classe. Mas quando
nos referimos à negação da política tratamos dela como mediadora de conflitos.
É essa política
como mediadora de conflitos que garante ao mundo, mesmo sob hegemonia burguesa,
uma certa governabilidade; é essa política como mediadora de conflitos que
possibilitou a existência de um estado - tanto como gestor dos interesses de
uma classe, como quando uma burocracia estatal a comanda (bonapartismo) - mas
é, sobretudo, essa política como mediadora de conflitos que garante as regras
do jogo e não permite que o mundo viva em eterna convulsão social.
Se estivéssemos
num período de ofensiva estratégica o que menos quereríamos era "mediar
conflitos", mas, pasmem, - e como a dialética nos ajuda! - a tranquilidade
de um mundo onde saibamos quais regras jogar, com estabilidade democrática e
direito de existir e fazer política ainda é o melhor caminho.
Por isso, sem
falsos moralismos, a nossa luta deve se concentrar em salvar o exercício dessa
política mediadora de conflitos para que possamos sobreviver e continuar
fazendo a luta por um Brasil forte e soberano. Avançam medidas retrógradas
contra o povo e contra as esquerdas. A proposta de Reforma Política é um libelo
de como o consórcio golpista quer ver a atividade democrática do país: nula.
Combater o partido da Lava-Jato e conquistar corações e mentes para a Política
é tarefa essencial. Cumpramos!
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
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