Diretas na dependência da intenção e do gesto
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Vozes as mais diversas, incluindo gente conservadora, reconhecem que um pleito direto agora para suprir a vacância da presidência da República, pós-queda de Temer, "arejaria" a árida cena política nacional.
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Vozes as mais diversas, incluindo gente conservadora, reconhecem que um pleito direto agora para suprir a vacância da presidência da República, pós-queda de Temer, "arejaria" a árida cena política nacional.
Mas não está fácil. Entre a
intenção e o gesto há muitas contradições a contornar.
Enquanto isso, Temer se mantém na
UTI respirando por aparelhos, movimenta sua tropa de resistentes e se beneficia
da ausência de consenso entre o PSDB, a maioria peemedebista e seguidores de
menor expressão, que não encontram o nome da confiança comum para o pleito
indireto.
Tucanos à frente, a turma do golpe
trabalha com duas intenções pétreas: assegurar as reformas trabalhista e
previdenciária e o conjunto da agenda neoliberal regressiva; manter o controle
sobre a saída política para a crise institucional.
E se no conjunto da sociedade mais
de oitenta por cento da população deseja eleições diretas agora, essa intenção
não se traduz num movimento da expressão e força correspondente.
Essa contradição, digamos assim,
há que ser enfrentada com a construção de uma plataforma comum, de fato
orientada para a superação da crise e destinada a empolgar a nação, em
combinação com a mobilização de rua.
São as pedras de toque para a
consecução de uma ampla frente democrática em contraposição ao contraditório,
porém dominante consócio entre a maioria parlamentar reacionária, parte do
judiciário e do aparelho policial e a grande mídia.
Nesse contexto, uma hipótese
aparentemente frágil, porém real é a manutenção de um governo Temer moribundo
até 2018.
O que seria péssimo para a nação,
para o povo brasileiro e extremamente corrosivo para a possibilidade de restauração democrática.
Ainda que num ritmo claudicante,
as partes se movem e o desenlace imediato ainda não é claramente previsível.
Daí
ser simplista comparar o atual movimento pelas diretas com a memorável jornada
de 1984.
Àquela
época, a peleja reuniu amplas forças sociais e políticas e, a partir de certo
instante, ganhou ressonância na grande mídia.
Hoje,
ainda é um bandeira erguida por partidos de esquerda, centrais sindicais e
movimentos sociais diversos e personalidades de certa projeção. Carece de
amplitude e ainda se embaraça em percalços advindos do sectarismo e da
intolerância.
Avançar
é preciso – com largo descortino, em defesa da nação e da democracia.
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