Todas as maneiras
são válidas
Luciano Siqueira,
no Blog da Folha
Não é exatamente uma situação de “salve-se quem puder”,
antes de “cada um resista como pode”.
É assim no Brasil atual. O governo Temer, oriundo de um
golpe institucional, pela voz do seu chefe reiteradas vezes se coloca como
guardião de compromissos a serem cumpridos a todo custo – mesmo amargando
índices de popularidade negativos recordes.
Porta-vozes do governo e seus arautos midiáticos não
escondem que os passos de Temer são monitorados pelo Mercado. Ou seja, a essa
entidade todo-poderosa presta contas, à revelia do sentimento da maioria da
população.
Ocorre que a extensa agenda regressiva posta em prática
inclui as reformas trabalhista e previdenciária – sobretudo a segunda -, que são
percebidas pela maioria dos brasileiros como redução de direitos.
E isso dissemina em vastas e ascendentes camadas sociais a
frustração e a revolta.
Uma típica situação em que o movimento oposicionista engorda
e assume contornos multifacetados.
Como bem assinala análise divulgada recentemente
pelo PCdoB, “vasto repertório de formas de luta política, conjugadas no plano
das grandes jornadas de mobilização popular, da esfera institucional e da
disputa de ideias” vem à tona e pode dar respaldo à construção de uma ampla conjugação
de forças sociais e políticas em favor da democracia, da retomada do
crescimento com inclusão social e em bases soberanas e pelos direitos
fundamentais dos que vivem do trabalho.
Agora, em situação adversa, pois a onda conservadora
regressiva é surfada por maioria expressiva na Câmara dos Deputados e no
Senado, quem sabe se corrijam defeitos capitais do movimento transformador
durante os doze anos progressistas de governos Lula-Dilma.
Naquele período, embora tenham acontecido muitas
iniciativas dos movimentos organizados, que alcançaram conquistas importantes -
como a política permanente de valorização do salário-mínimo; a expansão das
universidades federais; a destinação de 75% dos royalties do Petróleo para a
educação e a meta de 10% do PIB para o setor, incluída no Plano Nacional de
Educação - a base social do governo de então não foi suficientemente
mobilizada.
Conquistas fruto de muita luta terminaram
resultando, no imaginário popular, como dádiva. Ou pior: como nada tendo a ver
com as políticas públicas encetadas.
Assim, o déficit na formação de uma consciência social
avançada pode quem sabe agora ser gradativamente superado – na esteira de uma resistência
que se dá de múltiplas e variadas formas, nas redes sociais, nos salões e nas
ruas.
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