09 maio 2017

Resistência crescente

Todas as maneiras são válidas
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Não é exatamente uma situação de “salve-se quem puder”, antes de “cada um resista como pode”.
É assim no Brasil atual. O governo Temer, oriundo de um golpe institucional, pela voz do seu chefe reiteradas vezes se coloca como guardião de compromissos a serem cumpridos a todo custo – mesmo amargando índices de popularidade negativos recordes.

Porta-vozes do governo e seus arautos midiáticos não escondem que os passos de Temer são monitorados pelo Mercado. Ou seja, a essa entidade todo-poderosa presta contas, à revelia do sentimento da maioria da população.

Ocorre que a extensa agenda regressiva posta em prática inclui as reformas trabalhista e previdenciária – sobretudo a segunda -, que são percebidas pela maioria dos brasileiros como redução de direitos.

E isso dissemina em vastas e ascendentes camadas sociais a frustração e a revolta.
Uma típica situação em que o movimento oposicionista engorda e assume contornos multifacetados.
Como bem assinala análise divulgada recentemente pelo PCdoB, “vasto repertório de formas de luta política, conjugadas no plano das grandes jornadas de mobilização popular, da esfera institucional e da disputa de ideias” vem à tona e pode dar respaldo à construção de uma ampla conjugação de forças sociais e políticas em favor da democracia, da retomada do crescimento com inclusão social e em bases soberanas e pelos direitos fundamentais dos que vivem do trabalho.

Agora, em situação adversa, pois a onda conservadora regressiva é surfada por maioria expressiva na Câmara dos Deputados e no Senado, quem sabe se corrijam defeitos capitais do movimento transformador durante os doze anos progressistas de governos Lula-Dilma.

Naquele período, embora tenham acontecido muitas iniciativas dos movimentos organizados, que alcançaram conquistas importantes - como a política permanente de valorização do salário-mínimo; a expansão das universidades federais; a destinação de 75% dos royalties do Petróleo para a educação e a meta de 10% do PIB para o setor, incluída no Plano Nacional de Educação - a base social do governo de então não foi suficientemente mobilizada.

Conquistas fruto de muita luta terminaram resultando, no imaginário popular, como dádiva. Ou pior: como nada tendo a ver com as políticas públicas encetadas.

Assim, o déficit na formação de uma consciência social avançada pode quem sabe agora ser gradativamente superado – na esteira de uma resistência que se dá de múltiplas e variadas formas, nas redes sociais, nos salões e nas ruas.
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