As condições do
caos
Janio de
Freitas, na Folha de S. Paulo
Toda
a dramaticidade da situação sintetiza-se em uma pequena frase: não há saída
boa. A pior seria a permanência de Michel Temer ainda mais apalermado. Mas
nenhuma das outras possíveis evitaria a continuidade das condições caóticas que
sufocam o país.
Com
alguma sorte, no máximo se chegaria sem tumulto maior às eleições daqui a perto
de ano e meio. Isso, se não for gasto tempo demais, enquanto o país deteriora,
com a disputa das correntes políticas (não só as partidárias) para definir o
que se seguirá ao atual estado crítico.
É
preciso considerar ainda que as denúncias, sejam as já iniciadas, sejam novas,
podem agravar a situação interna das instituições, com decorrências de efeito
extenso. Está visto, para ninguém mais negar, que os motores da corrupção política
e administrativa não são só as empreiteiras.
E
não falta quem, para receber os generosos prêmios dados aos delatores, mostre
mais aos brasileiros como é de verdade o seu país. Nem faltam candidatos a
ver-se, de repente, passando de louvados a execrados. Como a estrela do
bom-mocismo, Aécio Neves.
Agora
senador afastado pelo Supremo, e com Eduardo Cunha preso, Aécio fica mais
exposto a que afinal se esclareçam em definitivo as trapaças de contratos em
Furnas, cuja lista de beneficiários lhe dá lugar de destaque. Associados nessa
lista, os dois retiveram por muito tempo as investigações devidas e suas
consequências.
Com
esse inquérito em andamento, Aécio se torna um dos senadores mais apreciados
por procuradores e juízes: seis inquéritos – um por suborno e fraude na
construção da Cidade Administrativa em seu governo mineiro, outro por suborno
na construção de usinas hidrelétricas, três por caixa dois, e o de Furnas.
Aguarda-se o sétimo.
Não
foi sem motivo, portanto, que esse senador e presidente do PSDB (retirado de um
cargo e licenciado do outro), conforme suas palavras agora públicas, disse ser
necessário acabar com tais investigações e estar "trabalhando nisso como
um louco".
E
pensar que esse era o presidente da República desejado e proposto ao país pelo
"mercado", pelos conservadores de todos os tipos e por imprensa, TV e
rádio. Derrotado e ressentido, foi o primeiro a conclamar pela represália que
originou o desenrolar político hoje incandescente.
Para
onde vai esse desastre em sua fase judicial, continuaremos sem saber. As
gravações de Joesley Batista ainda aumentam muito a obscuridade, com pequena
menção que a conveniência deu por despercebida pelo pasmo.
Como
queixa por perseguições a sua maior empresa, ele conta a Temer ter visto o
vídeo da delação de Sérgio Machado, o ex-diretor da Petrobras que gravou Renan
Calheiros, Romero Jucá e José Sarney. Esta é a cena: procuradores da Lava Jato
dizem a Machado que fale sobre a JBS, Machado diz desconhecer fatos que incluam
a empresa.
Os
procuradores insistem em vão. Até que Machado aparece lendo um pequeno papel,
decora o lido, e o recita como depoimento: é uma acusação à JBS. Não há menção
a quem lhe passou o dizer exigido. Nem era necessária, para proporcionar a
advogados mais um questionamento e a magistrados isentos um problema, sobre
certos métodos e motivos da Lava Jato.
A
JBS, parte da empresa-mãe J&F, é a maior exportadora mundial de carne
bovina e de frango. Seu crescimento no mundo tem sido, em grande parte,
decorrente de apoios financeiros e outros, legítimos ou não, dos governos
brasileiros. E contraria poderosas multinacionais e governos estrangeiros
empenhados na promoção internacional de seus exportadores.
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A bandidasgem é internacional e controla o sistema como um todo, mas o pior é assistir os bandidos brasileiros trabalhando em favor dele e, consequentemente, contra o Brasil. Tudo isso, poderia ter sido feito sob sigilo, com o apoio da legislação em vigor que os bandidos foram obrigados a aprovarem no Congresso por pressão e iniciativa dos Governos Lula, Dilma e o apoio popular. Dizer que foi resultado da pressão popular é desconhecer ou fingir que desconhece a realidade do nosso sistema político e de comunicação de massa. O povo é desinformado e jamais teria o poder político para obrigar os bandidos, que está em maioria no Congresso, a aprovar leis dessa natureza.
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