As moedas de troca de Temer
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Frágil como um fiapo, o rosto e o corpo sujos de lama, quase ignorado na cena internacional — mas assim mesmo ainda de pé.
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Frágil como um fiapo, o rosto e o corpo sujos de lama, quase ignorado na cena internacional — mas assim mesmo ainda de pé.
Trôpego, porém de pé.
Apenas 7% da população brasileira
o apoia, mas persiste.
Assim é Michel Temer. E por que
não cai?
Ele ainda se apega ao uso esperto
de duas moedas de troca.
Uma é que o destino do seu governo
está nas mãos do Mercado. A agenda regressiva de direitos e de direcionamento
neoliberal para a economia — cânones do Mercado financeiro — precisa de um
governante que, mesmo no fundo do poço, se empenhe em executá-la a qualquer
custo.
É a tarefa
"modernizante" a que se refere próprio Temer em seus sucessivos e
atabalhoados pronunciamentos.
A outra moeda é o relacionamento
"fisiológico" com grande parte da base governista no parlamento, que
troca o voto nas reformas antipopulares por cargos na máquina pública e outros favores
imediatos.
Nessa seara Temer sempre se moveu
muito bem. Sua trajetória ascendente no parlamento e na máquina peemedebista
decorre daí.
E para o próprio Temer não há alternativa
senão resistir, pois uma vez apeado do poder de imediato poderia ser preso, tal
a gravidade das denúncias comprovadas de ato de corrupção e de interceptação de
investigações contra si e seu grupo de que é alvo.
A viagem internacional que fez na
semana passada em busca de agenda positiva mostrou-se tremendo fiasco.
Na Rússia, foi recebido no
aeroporto pelo vice-ministro das Relações Exteriores. Na Noruega, pelo chefe da
segurança do aeroporto. Tratamento de terceira classe para quem governa um país
da importância geopolítica do Brasil.
E ainda ouviu acovardado
admoestações da primeira-ministra norueguesa, que ousou se intrometer em
questões internas do Brasil, sentindo-se à vontade diante de um energúmeno.
Lamentável, sob todos os títulos!
E o impasse prossegue. Com as três
denúncias sequenciadas da Procuradoria Geral da República, o presidente seguirá
exposto à execração pública.
Nesse ambiente, a greve geral convocada
para o próximo dia 30 haverá de reforçar mais ainda a resistência popular.
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