25 julho 2017

O preço da traição

Quanto vale Michel Temer?
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Como na vida em geral, tudo na política tem um preço — inclusive, em certos casos, financeiro.

Michel Temer, além de ilegítimo, mostra-se um dos presidentes mais caros da história do Brasil. Além do custo moral, o sacrifício das finanças públicas e da soberania nacional.

Por uma dupla razão: a) para manter o beneplácito do Deus Mercado, que em última instância o sustenta e manipula núcleos essenciais das instituições da República, incorpora todo o receituário rentista e assume padrões coloniais na abertura de riquezas nacionais essenciais ao aguçado apetite estrangeiro; b) promove verdadeiro festival "toma lá dá cá" para assegurar maioria parlamentar contra a denúncia de corrupção movida contra si pela Procuradoria Geral da República.

No quesito liberação de emendas ao Orçamento Geral da União com o fim de contentar parlamentáreis fisiológicos, só com os integrantes da Comissão de Constituição e Justiça, foram gastos 15 milhões de reais de uma só tacada!

A entrega do pré-sal, a venda criminosa de ativos estratégicos da Petrobras e o conluio com instituições estrangeiras para liquidar com empresas nacionais de engenharia fazem parte de um roteiro de redução do nosso país, no mercado internacional, à condição de mero exportador de commodities.

Nesse contexto, o governo já gastou quase 200 milhões de reais em publicidade, na vã tentativa de se fazer aceito pela sociedade brasileira.

Vem colhendo rotundo fracasso: apenas 7% da população o apoia.

Daqui a alguns dias, as atividades parlamentares serão retomadas e, provavelmente, a Câmara dos Deputados rejeitará por maioria a admissibilidade do processo movido contra Temer pela PGE.

Mas isso estará longe de solucionar o impasse político-institucional.

A nação corre o risco de sangrar até o pleito de outubro do ano vindouro, o povo sofrendo todas as terríveis consequências da crise.

O ambiente eleitoral futuro ainda é imprevisível, porém certamente terá como uma das variáveis o desgaste das forças que deram o golpe contra Dilma e sustentam Temer.

Haverá espaço para uma alternativa oposicionista avançada, desde que confira nitidez e consequência às suas propostas e agregue forças amplas e diversificadas. 
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