Meta fiscal do
fracasso
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
A queda de braço
entre a equipe econômica e a área política do governo Temer durou sete dias até
ser anunciada a nova meta fiscal. Querela típica de um governo que prioriza as
finanças em detrimento da produção e insiste no falso caminho de retomada do
crescimento com redução de investimentos públicos.
Quando Dilma anunciou
o déficit de 70 bilhões foi um escândalo: a oposição e a grande mídia logo
decretaram o fracasso e irremediável do governo legítimo.
Agora, um rombo de
159 bilhões, patrocinado pelo governo ilegítimo e a maioria parlamentar
governista e a grande mídia tratam o assunto como natural e aceitável.
Realmente, tempo
difícil e obscuro o que vivemos!
Concomitantemente, o IPEA
anuncia o retorno às condições de existência abaixo da linha de pobreza de nada
menos do que 4 milhões e 100.000 brasileiros desde o ano passado.
E deram o golpe
policial-mediático-judiciário-parlamentar com a justificativa de que era preciso
mudar a presidência da República para garantir a recuperação da economia e da
oferta de empregos!
Nesse cenário,
mostra-se lógico e coerente que em todas as pesquisas o índice de aprovação do
atual governo não passa de 5%.
Assim como fica
evidente que a cantilena sustentada pela maioria parlamentar
neoliberal-fisiológica que votou contra o prosseguimento da denúncia por
corrupção contra Temer — a estabilidade política e a normalidade da economia —
não tem nenhuma sustentação na realidade.
E a crise segue qual
filme de horror de longa duração cujo clímax, tudo indica, que será mais
terrível do que o que se vê agora.
"Tudo isso é um
absurdo e não entendo por que o povo não está nas ruas protestando",
comenta um amigo pelo whatsapp.
A reação popular por
enquanto está se alimentando que nem fogo de monturo, lentamente e labaredas
surgirão inevitavelmente. É questão de tempo — retruco.
É tão certo que a
grande maioria dos brasileiros está insatisfeita quanto ainda não enxerga na
linha do horizonte propostas alternativas que inspirem confiança.
Levará tempo para que
a multiplicidade de forças sociais e políticas hoje postadas na oposição
convirjam para uma plataforma comum, lastreada na preservação da soberania
nacional, normalização democrática e retomada do crescimento econômico
inclusivo.
Certos estão os
que propõem recuperar a capacidade de indução e planejamento do Estado e elevar
a taxa de investimento, recorrendo ao sistema nacional de financiamento de
longo prazo, restaurando o papel do BNDES e das empresas estatais estratégicas,
as parcerias público-privadas e a busca de acesso ao fundo de investimento patrocinado
pelo Brics, usando, inclusive, parte das reservas internacionais.
O centro de gravidade
da recuperação da economia não pode ser o mercado financeiro e sim a indústria,
fator determinante do desenvolvimento e da oferta de emprego. Mais: investimentos
em infraestrutura, inovação tecnológica e na esfera social, reduzir
estruturalmente a taxa real de juros, manter sob controle a trajetória da
dívida pública e defender a moeda.
Como costuma
dizer Miguel Arraes, “é por aí...”.
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