26 setembro 2017

Mais grave do que parece

A dimensão do drama nacional
Luciano Siqueira

No Brasil, os seis maiores bilionários têm a mesma riqueza e patrimônio que os 100 milhões de brasileiros mais pobres, segundo relatório da Oxfam Brasil.

O dado causa espanto — e não é para menos —, mas infelizmente é um entre vários traços marcantes da sociedade brasileira.

Somos ainda uma nação subjugada, que apesar da dimensão de sua economia e das suas potencialidades, integra a periferia do sistema global.

O Estado brasileiro, de caráter elitista, na sua essência padece do controle dos círculos financeiros — e sobe governo Temer, vive ameaça de desmonte no que ainda conserva de salvaguardas da soberania.

Constrangido a permanecer na condição de economia de porte médio, o país sofre imposições dos países centrais que tentam nos impor a condição de fornecedor de produtos primários.

No campo, a despeito da expansão do agronegócio moderno, a propriedade latifundiária improdutiva persiste como entrave ao desenvolvimento.

Além das desigualdades sociais assinaladas no estudo da Oxfam, continuam acentuadas as desigualdades regionais.

O meio ambiente historicamente tem sido tem degradado em decorrência de práticas predatórias que atingem parte de nossas florestas, dos recursos hídricos e da fauna.

E se nos governos Lula e Dilma nossas relações diplomáticas e comerciais se diversificaram e se reduziu bastante a dependência das trocas com os Estados Unidos e a Europa Central, agora com Temer retornamos à área de influência norte-americana e sofremos, na proporção do desmonte do Estado nacional, ameaça concreta de neocolonização.

Esses traços aqui alinhavados dão a dimensão dos problemas estruturais postos na ordem dia, cuja superação se faz indispensável para que possamos progredir como nação soberana, democrática e socialmente menos injusta.

O que contrasta gritantemente uma a pauta dos círculos políticos, ora às turras com o Judiciário e com o aparato policial.

É nesse contexto que mais uma mini reforma do sistema eleitoral se faz sem democratizar os procedimentos eletivos nem superar os fatores de enfraquecimento das estruturas partidárias. Vivemos um drama, digamos estrutural, que aguarda novas condições políticas para que possa, de fato, ser ultrapassado.

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