Base objetiva para a igualdade de gênero
Luciano Siqueira
O debate ideológico é indispensável, bem sabemos, sobretudo quando se trata de vencer tabus e preconceitos e avançar na evolução civilizatória.
Luciano Siqueira
O debate ideológico é indispensável, bem sabemos, sobretudo quando se trata de vencer tabus e preconceitos e avançar na evolução civilizatória.
A base objetiva para dar sustança
à mudança de padrões, entretanto, faz-se indispensável.
A luta pela igualdade de gênero,
que nas últimas décadas tem obtido conquistas notáveis no mundo e no Brasil,
encontra na sociedade capitalista tanto elementos de exacerbação da
desigualdade quanto de estímulo à luta transformadora. A cada dia, a mulher
deixa o forno e o fogão e vai à luta, ocupando seu lugar no mercado de
trabalho, seja para ampliar a renda familiar, seja para garantir o sustento dos
seus, convertida cada vez mais ela própria em chefe de família.
Uma das vertentes da ocupação da
mulher é a iniciativa do próprio empreendimento. Nesse nicho, segundo pesquisa
do Global Entrepreneurship Monitor, a distinção entre homens e mulheres
empreendedores diminui a passos largos no mundo e, em particular, no Brasil.
Só em 2016, 163 milhões de
mulheres iniciaram o próprio negócio mundo afora. No Brasil, segundo a
pesquisa, as mulheres tiveram no período mais iniciativas empreendedoras do que
os homens.
Uma constatação sobre o fenômeno
em nosso país, citada pelo Blog do Empreendedor, é muito significativa: o maior
percentual de mulheres empreendedoras se situa entre 25 e 34 anos - fase da
vida de extrema vitalidade e também propensa a novas ideias, acrescento.
Um reforço quantitativo poderoso,
que se ajunta aos milhões de mulheres trabalhadoras de diversas outras
categorias.
A mulher que trabalha e, portanto,
não depende do marido-provedor tende a encarar a vida com um olhar para além da
dependência e da submissão.
Vale para relações matrimoniais e
familiares mais justas, vale também para a inserção da mulher trabalhadora na
luta específica pela igualdade de gênero.
Ao movimento feminista cumpre
estabelecer vínculos entre a luta pela sobrevivência e a luta pela igualdade -
e assim ganhar maior dimensão, tanto prática (encorpando a sua capacidade
mobilizadora), quanto político-teórica (porque não há como separar contradições
de classe da contradição de gênero).
Assim, esta que é uma bandeira muito cara às forças populares e democráticas, há de ser empunhada crescentemente com mais vigor – para muito além dos limites da percepção meramente sexista.
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