Mini reforma: quando o razoável é muito bom
Luciano Siqueira, no Vermelho e no Blog do Renato
Finda longa sequência de pequenas, mas penosas batalhas, mais uma mini reforma política se consuma. Entre mortos e feridos, um bom resultado.
Luciano Siqueira, no Vermelho e no Blog do Renato
Finda longa sequência de pequenas, mas penosas batalhas, mais uma mini reforma política se consuma. Entre mortos e feridos, um bom resultado.
Isto porque a composição
majoritariamente conservadora do Congresso desautoriza qualquer expectativa de
reforma efetivamente progressista.
Pelo menos o pior, agora, foi
evitado.
A cláusula de barreira —
dispositivo em si antidemocrático — fixada em 1.5% dos votos válidos para
deputado federal em pelo menos 9 estados, afinal, se mostra razoável.
A interdição de coligações
partidárias para cargos legislativos, a vigorar a partir de 2020, idem.
E o fundo público eleitoral, tão
hipocritamente combatido por alguns e pela mídia monopolizada, finalmente está
instituído.
Em editorial, o vetusto Estadão
celebra as decisões de ontem como aptas a "afetar a distribuição de poder
e a forma como é exercido. (...) Haverá fortalecimento das grandes legendas e
das cúpulas partidárias. As maiores agremiações receberão mais recursos para campanha
e verão a concorrência das pequenas e médias diminuir, pois elas terão
dificuldade para atingir o quociente eleitoral e a cláusula de barreira. A
tendência, no médio prazo, é que muitas até deixem de existir."
Nem tanto.
Pois se pequenas legendas sem
nenhuma tradição e excessivamente "pragmáticas" talvez venham a ser
extintas, na vigência das novas regras, o fortalecimento da representação
parlamentar em bases programáticas está muito longe de ser garantido.
Isto aconteceria com a adoção do
sistema de listas preordenadas pelos partidos, que induziria o eleitor a
escolher entre diferentes propostas programáticas e tornaria os detentores de
mandato compromissados com o programa partidário.
A simples manutenção de correlação
de forças muito desigual e em favor das atuais grandes legendas não assegura
nada em matéria de conteúdo — e de melhora de qualidade das casas legislativas.
Mas, nesse aspecto, a última
palavra emergirá das urnas de outubro de 2018 — o que requer, desde já,
preparativos consistentes da parte dos partidos comprometidos com a nação e o
povo.
Ao PCdoB em especial, cuja bancada
reduzida, porém competente e hábil, merece aplausos pelas conquistas parciais
ontem obtidas, cumpre esforços extremos para que alcance seus objetivos próprios
no próximo pleito.
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