Manuela e a busca da unidade
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Toda frente política obviamente
expressa a união entre diferentes. Implica em convergência sobre proposições
comuns, resguardadas as divergências - que por si mesmas são naturais e
absorvidas através da boa convivência democrática.
Boa parte das forças que agora se opõem
ao governo Temer e à sua agenda neoliberal e regressiva trabalha pela formação
de uma frente a mais ampla possível, talvez já para a disputa das eleições
presidenciais no primeiro turno.
O PCdoB está entre essas forças. O
projeto de resolução política do seu 14° Congresso, que se consumará nos dias
17 a 19 próximos, em Brasília, tem justamente na frente ampla seu vértice.
Mas, como a experiência histórica
indica, são múltiplos os caminhos que podem levar a uma frente política e
social ampla, sobretudo em situações complexas como a que o Brasil vive agora.
Há uma etapa preliminar, que pressupõe
a explicitação clara e desassombrada de opiniões por parte de todas as
correntes políticas. A depender das circunstâncias, e como se tem em mira o
pleito presidencial, isto pode se concretizar inclusive através da apresentação
de pré-candidaturas presidenciais.
É o que ocorre com o PT, que anuncia a
pretensão de ter Lula novamente candidato, ainda que pese a indefinição sobre
se terá ou não condições legais para tanto, caso venha a ser condenado em
segunda instância em processos oriundos da Operação Lava Jato.
Também acontece com o PDT, com o
ex-ministro Ciro Gomes, e outras correntes à esquerda, que ensaiam suas pré-candidaturas.
O PCdoB tem como um dos pilares de sua
linha programática e tática a unidade do campo popular e progressista.
Isto tanto em âmbito nacional, como nas
refregas de caráter estadual ou municipal.
Desde 1989 tem sido aliado estratégico
do PT em plano nacional. Nenhum partido terá sido mais leal e mais solidário ao
PT do que o PCdoB, em especial em situações críticas - seja no decorrer dos
governos Lula, seja nos governos Dilma e, mais recentemente, na renhida luta
contra o impeachment da presidenta.
A decisão de lançar a pré-candidatura
da deputada gaúcha Manuela D'Ávila à presidência da República não conflita, um
milímetro sequer, com essa orientação.
Tanto pelo conteúdo do ideário que
Manuela sustenta, plasmado na luta por um novo projeto nacional de
desenvolvimento, a se viabilizar mediante pacto social e político
necessariamente plural e unitário; como pela saudável convivência com as demais
pré-candidaturas oposicionistas.
Demais, o pleito se dará em dois
turnos, residindo aí o instante decisivo para a conjugação de forças, caso não
ocorra já para a peleja no primeiro turno.
Assim, com Manuela pré-candidata, o
PCdoB comparece aos fóruns de discussão sobre os rumos do país com voz própria,
consistente e ao mesmo tempo interessado na unidade.
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As críticas ao direito e dever dos partidos defenderem as suas crenças e propostas decorrem da tradição brasileira do totalitarismo e do policiamento ideológica. Esta é a hora dos partidos explicitarem as suas crenças e ideologias políticas, programas de governo e afinidades. Esse despreparo político de alguns brasileiros impede o desenvolvimento político-partidário no Brasil. Mesmo muitos que têm a prática política cometem equívocos de contestar e a acusar outros concorrentes e partidos da mesma ordem ideológico-partidária e práticas governamentais. Desviando-se por desconhecimento ou manipulação de ideólogos do neoliberalismo para defender programas de governo com fundamentos, especialmente econômico, neoliberais. É preciso fazer a discussão de ideologias-partidárias, programas de governo, alianças e estrutura do Estado sem depreciar ou inviabilizar candidatos a candidatos do mesmo campo doutrinário. É a disputa e a dialética que conduzem às melhores soluções ou alternativas. Que a Manuela seja bem-vinda e induza ao melhor pensamento e estratégia de governo para o partido e candidato que vencer a discussão sadia e prepositiva. Boa sorte a todos. A prática democrática é sempre a melhor alternativa.
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