Inclusão social na renovação do futebol
Luciano Siqueira
Luciano Siqueira
Cá estou mais uma vez escrevendo
sobre um tema que não domino: a renovação do nosso futebol.
Não entendo por várias razões: além de não ser estudioso do
assunto, faz tempo não frequento os estádios, me informo superficialmente pelo
que vejo na TV e ouço nas (para mim divertidas) resenhas esportivas no rádio,
estas em geral um banho de subjetivismo na análise dos fatos e de oscilação da
opinião dos "analistas".
Aqui e acolá ainda visito algum
blog mais ou menos conceituado e folheio cadernos de esportes dos jornais
impressos.
Pois bem, assim mesmo arrisco uma
opinião.
Que o futebol brasileiro precisa
de renovação é óbvio. Tanto do ponto de vista tático, como nos seus mecanismos
de financiamento. E, imagino, nos modos de aproveitamento das novas gerações de
atletas.
Falam que a última edição da Copa
São Paulo de Juniores, recém-concluída, foi pródiga em novos talentos,
praticamente em todas as posições, do goleiro aos atacantes. Mas que muitas das
revelações não teriam muita chance em suas agremiações de origem ou nos grandes
clubes brasileiros.
A razão do desperdício? Um misto
de urgência dos patrocinadores e da pressão das torcidas, ávidos de bons
resultados imediatos. Daí a preferência por montar elencos com atletas
consolidados nos times de cima, adiando ad infinitum a promoção dos novos,
ainda em formação. Com raras exceções.
Assim, também no grande negócio do
futebol a tradição imediatista brasileira predomina. E até do ponto de vista
estritamente mercadológico - já que também nesse apaixonante esporte se
confirma a assertiva de Karl Marx de que o capitalismo tudo transforma em
mercadoria - faz um tremendo gol contra.
Não é à toa que muitos jogadores
brasileiros que despontam na Europa e até chegam ao escrete nacional
construíram suas carreiras fora do país, para onde se transferiram ainda
imberbes.
Aqui mesmo em Pernambuco, onde
apenas o Sport Clube do Recife opera com orçamento consistente, bem que Náutico
e Santa Cruz e alguns clubes medianos do interior poderiam apostar pesado no
aproveitamento das jovens revelações daqui mesmo.
Quantos jovens não aspiram a uma
inclusão produtiva através do futebol! Basta anotar a grande afluência às
"peneiras" das divisões de base.
Assim, levando a sério a formação
dos novos talentos em casa, nossos clubes progrediriam em médio e longo prazo e
ainda contribuiriam para ampliar as alternativas de sobrevivência de uma
parcela razoável de nossa juventude socialmente excluída.
Vale alimentar alguma esperança?
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