Empate
foi ruim, mas muita água vai rolar
Não gostei da saída de Paulinho, que, apesar do jogo apagado, é importante
na área do adversário
Tostão, na Folha de S. Paulo
Falta
uma hora para começar o jogo. Tomo um café com pão de queijo e me ajeito no
sofá. A televisão mostra, pela milésima vez, o pênalti perdido por
Messi e compara seu fracasso com o sucesso de Cristiano Ronaldo,
como se fosse raro Messi perder pênalti.
Diferentemente
do senso comum de que quem bate pênalti é o craque do time, acho que outro
jogador deveria ser treinado, pois a pressão no melhor do time é muito maior, a
não ser que ele tenha uma confiança sobrenatural, um homem-máquina, como
Cristiano Ronaldo. Grandes craques perderam pênaltis em Copas, como Maradona,
Platini, Baggio, Zico, Sócrates.
A
televisão começa a mostrar a festa no estádio do jogo entre Brasil e Suíça. Dá
vontade de estar lá, para conhecer a Rússia e assistir aos jogos, participar da
festa nas praças, como torcedor, turista, um desconhecido.
A
bola rolou. No primeiro tempo, o Brasil teve uns dez a 15 minutos de futebol
espetacular, coletivo e individual, acompanhados do magistral gol de Coutinho,
de seu jeito, chutando de fora da área, forte e de curva. Acho que é o gol mais
bonito da Copa até agora.
Neste
pequeno período de esplendor, o Brasil tinha dois quartetos e dois trios. Um
quarteto ofensivo, formado por Coutinho, William, Neymar e Gabriel Jesus, e
outro, defensivo, de marcação no meio-campo, com William, Coutinho, Paulinho e
Casemiro. Havia ainda um trio, no meio-campo, com Casemiro, Paulinho e William,
e um trio ofensivo, pela esquerda, formado por Marcelo, Coutinho e Neymar. São
ótimos exemplos do que é o futebol apoiado, uma expressão da moda.
No
segundo tempo, logo no início, a Suíça empatou,
com um gol irregular. Não acho que foi pênalti no lance com Gabriel Jesus. O
Brasil, como já havia acontecido a partir da metade do primeiro tempo, caiu de
produção. Coutinho não conseguiu mais atacar e defender, por não ter a força
física para isso, durante muito tempo. William foi muito pouco usado pela
direita. Faltou o grande brilho de Neymar.
Não
gostei da saída de Paulinho, que, apesar do jogo apagado como armador, o que é
comum, é importante na área do adversário, no momento do abafa, da pressão, do
jogo aéreo que ocorreu no fim do jogo.
O
empate não foi bom, mas fica o consolo de que as outras grandes seleções
tiveram também enormes dificuldades. É só o começo. Muita água vai rolar.
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