29 junho 2018

Questão de descortino


A antecipação no futebol e na política
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Em recente entrevista, o médico e comentarista esportivo Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, um dos craques da seleção brasileira campeã mundial em 1970, distingue no grande jogador: 

— “O grande jogador tem a capacidade de inventar o momento. E tem a antevisão do lance: quando recebe a bola, ele já sabe tudo o que vai acontecer dali pra frente. Chega sempre primeiro que o outro”, disse, em depoimento gravado originalmente para a série Futebol, entre 1996 e 1998, da revista Piauí.

Lá atrás, próximo de encerrar sua brilhante carreira nos gramados, Newton Santos — então ex-lateral esquerdo convertido a quarto zagueiro — em entrevista à revista Manchete Esportiva, explicou por que havia se tornado um excelente marcador de Pelé:

— "Eu me antecipo. Dou combate antes do 'negão' pegar a bola, pois se ele a domina não há quem o impeça de fazer uma jogada genial."

Cá com meus modestos botões de velho militante apenas esforçado, mas com alguma capacidade de análise, na atual cena política brasileira há carência de “grandes jogadores”. 

Os fatos comandam as atitudes, quase ninguém tem a capacidade de a eles se antecipar.

É o que Lênin, o genial líder da Revolução de Outubro, na Rússia, caracterizava como se deixar ficar a reboque dos acontecimentos. 

Às vezes a bola quica na entrada da área e ninguém chuta em gol.

Caso das forças de oposição ao governo Temer — que se movem com a agilidade de um paquiderme diante da oportunidade de ouro que o campo governista oferece, e não chuta em gol.

As chances de avançar os adversários abrem exatamente pela dispersão em que ainda se encontram, carentes de uma candidatura que a um só tempo tenha a confiança do mercado e os una.

O gol, no caso, seria construir uma coalizão unitária para enfrentar as eleições presidenciais já no primeiro turno, com chances reais de êxito, levando o pleito a um segundo turno no qual uma frente ampla poderia vencer.

Isso mudaria qualitativamente os rumos do País.

Mas falta quem se antecipe — como aprenderam Tostão e Newton Santos. Por enquanto, dentre os pré-candidatos à presidência situados à esquerda, apenas Manoela D’Ávila, do PCdoB, vem apontando nessa direção.

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