06 junho 2018

Teste de competência

Cuidado com o andor para não enfraquecer o santo
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Agora não há como adiar. A variável tempo age célere: até o final de julho e início de agosto acontecerão as convenções partidárias que decidirão candidaturas e alianças eleitorais.

O ambiente esquenta. Aliados mais ou menos acertados põem questões não resolvidas à mesa na expectativa de solução minimamente razoável; possíveis novos aliados ainda se vêem às voltas com contradições e dúvidas de certa monta. 

Aos que desempenham papel hegemônico, aqui e pelo Brasil afora, o desafio da largueza de propósitos e da flexibilidade tática, indispensáveis tanto à preservação de acordos celebrados como na busca de novos apoiadores.

Dito assim, parece algo simples. Mas não é. 

Largueza de propósitos requer maturidade e, sobretudo, avaliação criteriosa da situação real e a percepção de variáveis que, na sequência, ameaçam a correlação de forças aparentemente favorável.

Se as grandes batalhas eleitorais se resolvessem com a foto inicial das coalizões estabelecidas e a comparação aritmética entre as forças litigantes, para que a campanha?

Na prática, entre as convenções e a campanha propriamente dita, mesmo encurtada pela nova legislação, muitos fatos podem acontecer, pondo à prova a solidez das alianças e a competência política de quem as lidera.

É preciso cuidado com o andor para não fragilizar o santo.

Começa que o ambiente social e político é muito peculiar, com parcelas expressivas do eleitorado contaminadas por um sentimento de repulsa ao que está estabelecido. 

Na eleição excepcional de Tocantins, recém-realizada, para preenchimento de um mandato tampão de governador, cerca de 52% dos eleitores anulou o voto, votou em branco ou se absteve. Sinal de alerta para quem tenha olhos para ver.

E aos que já governam e tentam a reeleição, como acontece em boa parte dos estados, a missão tende a ser redobrada em razão do olhar crítico dos eleitores, grande parte deles pouco afeitos a considerações de ordem conjunturais. 

Ou seja: não basta justificar limitações de gestões em curso com a crise geral que assola o país e fragiliza gravemente as finanças públicas — o que é verdadeiro. Necessário se faz convencer a maioria de que mesmo sob condições adversas é possível avançar num segundo mandato.

Para essa empreitada, cada componente da coalizão partidária tem um papel a cumprir, de certo modo para além da expectativa de votos dos partidos coligados, individualmente; pois pesará muito a credibilidade e a capacidade de convencimento de cada um.

É nesse contexto que os campos de forças opostas transitarão até as convenções. Todo cuidado é pouco, seja para não perder apoios, seja para ampliar as alianças, se possível.

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