Trabalho precário
em ambiente de recessão
Luciano Siqueira,
no Blog da Folha
Além da queda, o coice. Após toda recessão se reforça a
centralização do capital, da produção e da riqueza e se enfraquece ou se reduz
a força de trabalho.
É uma lei objetiva do sistema capitalista.
Agravada com a terceira e, agora, a quarta revolução industrial,
que aporta inovação tecnológica aos processos produtivos e dispensa mão de
obra.
No Brasil de agora, segundo estudo da MCM Consultores
(noticiado no Valor Econômico), na atual conjuntura econômica – recessão e
tímida retomada – há uma maior precarização do trabalho comparando-se com situações
semelhantes verificadas num passado relativamente recente.
O estudo cruza estatísticas da Pesquisa Mensal de Emprego
(PME) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad
Contínua), ambas do IBGE. E compara o desempenho do mercado de trabalho em sete
períodos recessivos desde 1989 - incluindo os 12 meses seguintes ao fim do
período de recessão.
Com uma observação capenga, a de que a Reforma Trabalhista
pode contribuir para melhorar esse quadro por facilitar contratações formais temporárias.
Na prática, ocorre o contrário.
Há uma Pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), seções São Paulo e Porto
Alegre, a pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT), reveladora de que a
precarização do trabalho avança rápido com a entrada em vigor da Reforma
Trabalhista, em 11 de novembro de 2017.
Amplia
a vulnerabilidade social e incrementa o trabalho infantil.
Não
precisa ir a detalhes para compreender que igual cenário se dá em todas as
regiões metropolitanas do País.
No
Nordeste, sobretudo, quanto menor o nível de escolaridade do chefe de família,
e quanto mais frágil o vínculo trabalhista, maior a incidência de crianças e
adolescentes trabalhando – certamente bem maior do que em São Paulo, capital
que chega a 1,3% das famílias.
Tudo
a ver com a agenda regressiva de direitos do governo Temer.
E
com a pauta das eleições presidenciais de outubro.
Um
confronto inevitável se dará entre candidaturas que propõem aprofundar as
políticas ultra liberais vigentes e candidaturas que propugnam a retomada do crescimento
econômico inclusivo, impulsionada por investimentos públicos pesados, principalmente
em infraestrutura.
São
projetos diametralmente opostos. A maioria dos brasileiros é chamada a decidir.
Quanto
mais esclarecedor for o debate, maior a possibilidade de se repetir a escolha
verificada nas últimas quatro eleições presidenciais, em que a agenda atual foi
rechaçada nas urnas.
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