EUA discutiram planos de golpe com militares
venezuelanos
Carta
Capital
Segundo
reportagem do The New York Times, funcionários do governo Trump participaram de
reuniões secretas com militares rebeldes que pediram apoio a Washington para
derrubar Maduro
O governo do presidente americano,
Donald Trump, participou de reuniões secretas com militares rebeldes da
Venezuela para discutir planos de derrubar o presidente Nicolás Maduro, afirma
reportagem do The New York Times publicada neste
sábado 8.
As reuniões teriam sido realizadas ao
longo do último ano, segundo 11 funcionários e ex-funcionários do governo dos
Estados Unidos e um ex-comandante militar venezuelano ouvidos pelo jornal.
Estabelecer um canal com articuladores
do golpe na Venezuela foi uma manobra arriscada para Washington, considerando
seu histórico de intervenções clandestinas na América Latina, diz a reportagem.
"Muitos na região ainda se
ressentem profundamente dos Estados Unidos por seu apoio a rebeliões, golpes e
conspirações anteriores em países como Cuba, Nicarágua, Brasil e Chile, e por
fechar os olhos para abusos cometidos por regimes militares durante a Guerra
Fria", aponta o texto.
Os altos funcionários de Washington
teriam decidido que, diante da crise humanitária na Venezuela, valia a pena
ouvir o que os militares que planejavam derrubar Maduro tinham a dizer, apesar
dos riscos.
De acordo com o The
New York Times, um dos comandantes venezuelanos que participaram
das conversas secretas está na lista de funcionários venezuelanos corruptos
sancionados pelos EUA. Assim como outros membros do aparato de segurança da
Venezuela, o militar em questão foi acusado por Washington de crimes que vão de
tortura a tráfico de drogas e colaboração com as Forças Armas Revolucionárias
da Colômbia (FARC), organização que os Estados Unidos classificam de
terrorista.
Numa série de reuniões, realizadas a
partir do segundo semestre do ano passado, militares venezuelanos teriam pedido
apoio ao governo americano, solicitando que lhes fornecesse rádios criptografados
para que eles pudessem se comunicar de maneira segura.
O governo americano não forneceu apoio
material e, por fim, acabou decidindo não ajudar os conspiradores. Segundo o
ex-comandante venezuelano ouvido pelo The New York Times, os rebeldes nunca
pediram aos americanos que realizassem uma intervenção militar na Venezuela.
Apesar de não ter apoiado os planos de
golpe, a disposição de Washington de se reunir várias vezes com articuladores
venezuelanos pode sair pela culatra, diz a reportagem.
Em meio à grave crise política e
econômica que assola a Venezuela, Maduro lançou mão repetidas vezes da tese de
que imperialistas americanos estão tentando tirá-lo do poder. Agora, as
reuniões secretas podem lhe servir de munição.
Tensão EUA x Venezuela
As relações entre Estados Unidos e
Venezuela vivem um clima de tensão há anos. Depois que Trump assumiu a Casa
Branca, Washington anunciou uma série de medidas restritivas contra a
Venezuela, incluindo sanções econômicas diretas contra Maduro e altos funcionários
do governo do país.
Em agosto do ano passado, Trump
declarou não descartar uma "opção militar" como resposta à crise
na Venezuela, afirmando que o país vivia uma "bagunça perigosa". As
declarações foram condenadas por aliados na região, mas teriam estimulado
militares venezuelanos rebeldes a procurar Washington.
Em julho deste ano, a imprensa
americana noticiou que, em reunião com membros de seu gabinete em
2017, Trump sugeriu a possibilidade de invadir a Venezuela, alegando
questões de segurança nacional.
Antes disso, em fevereiro, o então
secretário de Estado americano, Rex Tillerson, afirmou que um golpe
militar poderia ser uma das possíveis soluções para o fim do regime de
Maduro na Venezuela, destacando, no entanto, que Washington preferia uma
"transição pacífica" no país assolado por uma crise humanitária.
Uma queda nos preços do petróleo,
principal produto de exportação da Venezuela, e anos de má administração
contribuíram para a violenta crise econômica que o país enfrenta, com a
população sofrendo com a escassez de bens básicos, como alimentos e
medicamentos. Em julho deste ano, o Fundo Monetário Internacional estimou que a
inflação anual do país pode chegar a 1 milhão por cento.
Leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF e acesse o canal ‘Luciano Siqueira opina’, no YouTube https://bit.ly/2ssRlvd
Nenhum comentário:
Postar um comentário