07 setembro 2018

Presença da mulher


A cidade também é nossa
Cida Pedrosa, secretária da Mulher do Recife, no Diário de Pernambuco

Uma cidade formada majoritariamente por mulheres precisa ouvir o que elas têm a dizer.  Correspondemos a 54% da população do Recife, mas o planejamento territorial urbano não contempla nossas necessidades. Pior que isso: somos minimamente representadas nos eventos em que se discutem e definem as políticas públicas que poderiam mudar essa realidade. Agora, poderemos incluir a perspectiva de gênero em nosso mais importante instrumento urbanístico, ajudando a construir uma cidade mais justa e segura para as mulheres.

Ao lado da sociedade civil, começamos a debater a estratégia de construção coletiva do Plano de Ordenamento Territorial (POT), que prevê a revisão do Plano Diretor do Recife. Desde o segundo semestre de 2017, já fizemos escutas com mulheres nas seis regiões político-administrativas (RPAs) do Recife. Vamos mobilizá-las e capacitá-las para participar das consultas públicas do Plano Diretor,  que começam este mês, e garantir que o posicionamento delas seja considerado no documento final. É importante ressaltar que, pela primeira vez, as mulheres ocuparão metade das vagas de delegado nas conferências.

Nosso entendimento é que o planejamento territorial precisa refletir o interesse público. Especialmente dos grupos mais vulneráveis. Nada menos que 53% da população recifense vive em áreas de risco e, nesse universo, as mulheres são as mais prejudicadas. Por isso, precisamos de um planejamento que enxergue essas desigualdades e desenvolvam meios de superá-las.

A cidade onde vivemos não é homogênea. Ela é diversa e expressa as desigualdades de classe, raça e gênero que permeiam nossa sociedade. Não podemos pensar num planejamento que contemple apenas a população masculina, desprezando o fato de que a mulher se desloca mais vezes e de modo diferente no espaço urbano e corre infinitamente mais risco nessas trajetórias, além de ser mais afetada quando o sistema de mobilidade não funciona.

Todo esforço desta gestão municipal é para transformar as mulheres em sujeito da política de planejamento urbano, valorizando seu olhar diferenciado durante o processo de revisão do Plano Diretor. Dessa forma, contribuiremos para garantir seu direito a um espaço onde possam exercer plenamente sua cidadania e desenvolver suas potencialidades.

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