Quem disse que é proibido mudar?
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10 e no portal Vermelho
Mudar de opinião não é proibido, mas eis que virou tema central na atual campanha cá na província. Tanto na disputa pelo governo estadual, como pelas duas vagas no Senado.
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10 e no portal Vermelho
Mudar de opinião não é proibido, mas eis que virou tema central na atual campanha cá na província. Tanto na disputa pelo governo estadual, como pelas duas vagas no Senado.
Uma espécie de Inquisição de mau
gosto e fora de época. Afinal, a Idade Média foi-se há muito tempo.
Embora não haja nenhum preceito
bíblico que o proíba, nem artigo na Constituição, a questão passa a ser objeto
de debate, numa clara e lamentável inversão de prioridades.
Ora, se o repouso é relativo e o
movimento é que é absoluto, como se compreende pela dialética; e a realidade
está em permanente mutação, todos temos o direito de melhorar ou corrigir, a
critério próprio, a percepção e o entendimento dos fatos.
Vale para a ciência, vale para a
economia, vale para o futebol e igualmente para a política e assim por diante.
Em alguns casos, conforme o grau
de agressividade do "acusador" é cobrado do "acusado" uma
suposta coerência na manutenção do erro — no caso dos que se posicionaram
diferentemente em episódios recentes.
Por exemplo, quem apoiou, ou não
resistiu, ao impeachment da presidenta Dilma teria o dever de seguir apoiando o
golpe, respaldando o governo Temer.
E quem foi contra o impeachment
não teria a opção de agora dar os braços aos que apoiam o governo Temer, defendem
a agenda ultraliberal e dela se beneficiam.
Em tese, todo mundo pode assumir
posições distintas diante dos desafios do momento. Isto é, partidos e candidatos
devem ser cobrados essencialmente pelo conteúdo de suas posições atuais.
Certamente esta sempre foi uma das
razões pelas quais Miguel Arraes — com quem eu convivi por vinte e quatro anos
— jamais atacou pessoalmente algum adversário. Debatia ideias. Nunca queimou
pontes. Sempre considerou a possibilidade de adversários de hoje e converterem
em aliados amanhã.
Nessa mesma linha, o então
deputado Carlos Wilson Campos, egresso da Arena, reelegeu-se em 1982 pelo MDB
com o slogan “Quem pensa, muda”.
Claro que alguns fazem uma
travessia muito radical, digamos assim. Militantes de esquerda, há anos
comprometidos teórica e praticamente ate a medula, se transferem de armas e
bagagens para a direita e passam a ser mais radicais contra seus antigos correligionários
do que os próprios direitistas.
Causam estranheza. Mas não deixam
de estar no direito de mudar suas concepções.
Mas esse debate superficial e,
pela voz de alguns, raivoso, desvia o foco das ideias que diferenciam de fato
as diversas candidaturas.
Prejudica o esclarecimento do
eleitor, não contribui para o voto consciente.
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